O episódio que afastou o prefeito de Barueri, Gil Arantes (DEM), do cargo de chefe do Executivo, em razão de processo que corre na Justiça comum, vem relembrar e reforçar os receios de que 2015 será um ano cheio de trancos e solavancos. A notícia veio quando a região começava a se recuperar da turbulência no município de Santana de Parnaíba, que por pouco não chegou a trocar de prefeito duas vezes. Mesmo lá, a população ainda vive momentos incertos, na medida em que o processo que deu causa à realização de eleições suplementares na cidade ainda tem pendências judiciais.
“Incertezas travam processos essenciais para as cidades”
É preciso garantir a Justiça, é claro, mas é inegável que esse tipo de reviravolta é péssimo para a continuidade dos trabalhos da administração. Ao colocar a Prefeitura numa condição de incerteza jurídica e, com ela, instabilidade política, a situação inevitavelmente resulta no travamento de muitos processos essenciais para as cidades.
A mesma reflexão pode ser estendida ao uso político da investigação do esquema de corrupção na Petrobras, ainda em curso pela Polícia Federal e Ministério Público. Neste momento, de apuração e levantamento de dados que, inclusive, podem implicar muitos nomes dentro do próprio Congresso Nacional, a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) cria uma cortina de fumaça que talvez mais atrapalhe do que ajude a identificar os envolvidos.
Enquanto isso, bastante atarefado em reinvestigar o que ainda está sendo investigado, o Congresso vai se afastando de temas viscerais da política que realmente ajudariam a evitar novos episódios de escândalos. Como o fim do financiamento privado de campanhas eleitorais. Ou a reforma política. E, de bônus, nossos parlamentares conseguem a aprovação de novas regalias, como o pagamento de passagens aéreas às/aos cônjuges dos deputados. Isso com bem menos repercussão negativa do que haveria em tempos de calmaria política.