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Altamiro Borges: Temer, Aécio e Folha unidos contra a CLT

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Altamiro Borges é jornalista

Altamiro Borges é jornalista
Altamiro Borges é jornalista. Publicado originalmente no Blog do Miro

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Aos poucos, de forma sorrateira, os golpistas expõem os reais motivos do impeachment da presidenta Dilma – que não tem nada a ver com as tais “pedaladas fiscais” ou com o combate à corrupção.

Entre os seus objetivos, um dos principais é o de destruir a legislação trabalhista, jogando o peso da crise econômica nas costas dos assalariados com carteira assinada.

Esta cruzada retrógrada une a corja de Michel Temer, que assaltou o Palácio do Planalto, o cambaleante Aécio Neves e os seus tucanos bicudos, derrotados nas eleições de 2014, e quase a totalidade da mídia privada. Todos juntos contra a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e – quem sabe – pela extinção sumária da Lei Áurea.

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No caso do Judas Michel Temer, uma parte do seu partido – o PMDB – já deixou explícito este propósito no documento lançado no final do ano passado com o pomposo título de “Ponte para o futuro” – também apelidado de “pinguela para o passado”. O texto defende, de forma marota, o fim das leis trabalhistas. Prega “a prevalência do negociado sobre o legislado”. Ou seja: de nada vale o que está fixado na CLT, como férias, 13º salário e outros direitos. Passa a valer o que for negociado diretamente entre patrões e empregados.

Em tempos de crise, com a explosão do desemprego, será a típica negociação da forca com o enforcado. O texto também defende a terceirização nas chamadas atividades-fins, com o aumento da jornada, redução dos salários e precarização do trabalho.Já no caso do PSDB, o seu intento sempre foi o de exterminar a CLT. Pouco antes de iniciar o seu triste reinado, o neoliberal FHC explicitou que o seu sonho era “extinguir a herança de Vargas” nas leis trabalhistas.

A resistência do sindicalismo evitou esta tragédia e os tucanos passaram a ser vistos como inimigos dos trabalhadores – o que ajuda a explicar as quatro derrotas seguidas deste partido nas eleições presidenciais. Nas eleições de 2014, este assunto espinhoso virou pó na campanha do cambaleante Aécio Neves. Agora, animado com o retorno ao Palácio do Planalto através de um golpe, ele volta a falar sobre a urgência de eliminar “as leis trabalhistas complexas”, que “impõe custos que inviabilizam competição em mercado globalizado”, conforme escreveu nesta semana.

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Por fim, com relação à imprensa privada, ela historicamente nunca tolerou as leis trabalhistas. Os donos da mídia sempre satanizaram os sindicatos, as greves e os direitos conquistados. Eles incentivaram todos os golpes contra os governos minimamente reformistas, como os de Getúlio Vargas, João Goulart, Lula e Dilma. Como patrões, eles até hoje impõem as piores práticas trabalhistas, com a terceirização selvagem (pejotização), o assédio moral e o arrocho salarial. Agora, animados com o “golpe dos corruptos”, eles exigem pressa no desmonte da CLT. Nestes dois meses do covil golpista de Michel Temer, vários editoriais já foram obrados pelos jornalões, revistonas e redes de rádio e televisão para defender a “modernização da legislação trabalhista”.

Famiglia Frias prega “golpe” trabalhista

Nesta segunda-feira (18), a Folha publicou mais um editorial contra os direitos dos trabalhadores. Intitulado “A próxima reforma”, o diário da famiglia Frias escancara toda a sua excitação com o atual momento político: “As esperanças de prosperidade futura do país dependem de uma agenda de modernização institucional que estimule a produtividade e reduza o custo de fazer negócios.

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Entre os obstáculos a serem equacionados, destaca-se a obsoleta legislação trabalhista, gestada nos longínquos anos 1940 e causadora de um anômalo e crescente contencioso entre empregados e empregadores”. Para o jornal, o momento exige o fim da “estrutura sindical oligopolizada, abrigada no Estado e financiada por contribuições obrigatórias”, e a extinção sumária da CLT.

“O paternalismo enfraquece a disposição à negociação e a autonomia das partes em decidir conforme as suas preferências. Na tradição brasileira, o legislado tende a se sobrepor ao acordado em convenções coletivas. Merece apoio, portanto, a disposição manifestada pelo governo Michel Temer de encaminhar ao Congresso uma proposta de modificação das regras trabalhistas – reforma que, de acordo com o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, será a segunda na ordem de prioridades do Planalto, logo depois da previdenciária. Já seria progresso digno de comemoração a retomada do projeto que regulamenta a terceirização da mão de obra, conforme propósito do ministro. O texto, apresentado em 2015 na lista de prioridades do PMDB, encontra-se parado no Senado”.

Como se observa, o “golpe dos corruptos” tem como prioridade esfolar ainda mais o trabalhador. Este intento destrutivo e regressivo unifica o Judas Michel Temer, o cambaleante Aécio Neves e toda a mídia privada, que manipula tantos “midiotas”. Acorda peão! Do contrário, o seu futuro será ainda mais trágico.

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