Início Opinião Antônio Carlos Roxo – Unifieo: Reflexão sobre a greve

Antônio Carlos Roxo – Unifieo: Reflexão sobre a greve

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Em todas as greves há ensinamentos que só a prática pode dar. Não existem manuais, cada greve é uma greve específica.  A recente greve dos professores do Unifieo, a primeira da Instituição e a mais longa da existência do Sinpro de Osasco e região, é exemplar.

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Desde o princípio, a decisão pelo cumprimento estrito do rito da Lei de Greve, explicita que a greve se deu por absoluta falta de alternativas dada “a obscura e insensata” prática da direção da FIEO. Não foi imposta, foi parida no processo, gerada com muito sofrimento, ninguém a queria, os professores sofreram um ano de sistemáticos atrasos nos pagamentos dos salários antes de sua decretação.

A primeira leva de demissões, em junho de 2016, o saco de maldades englobando professores de reconhecida competência, líderes, foi um tapa na cara no silêncio obsequioso da categoria. Caiu a máscara!

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A partir daí um novo paradigma se forjou: a estrita colaboração e atuação entre professores e Sindicato. Desde o início a caminhada foi conjunta, com respeito absoluto às decisões das assembleias. Ao contrário, os fura-greves, apesar de se mobilizarem, agiram de forma antidemocrática, perdiam nas assembleias (em todas) e sistematicamente não respeitavam suas decisões.

Questão relevante, a greve não tem partido. Coxinhas, mortadelas e nem uma coisa nem outra, participaram e deram grandes contribuições, aliás, “professar” teoricamente ideologias de esquerda não significa compromisso com a luta, surgiram fura-greves de todos os matizes.

Saldo positivo da greve é a demonstração de que a união faz a força, trabalhar em conjunto fortalece. Boa parte dos professores nunca havia participado de um movimento grevista, mas ações quando decididas de forma democrática, transparente, superando divergências são mais efetivas ao incorporar maior compromisso e adesão às decisões.

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A juventude, alegria, inventividade e destemor dos alunos, ajudaram muito, impedindo que os inúmeros dissabores levassem o movimento à depressão. Pelo contrário, por diversas vezes ao quebrarem a “ordem estabelecida” criaram novos padrões de atuação.

A greve não teve piquete, nem foi violenta, respeitando o outro lado, assim a direção da Instituição não teve pretexto para a retaliação, e quando a fez, “demitindo” os grevistas por justa causa, se desmoralizou jurídica, profissional e pessoalmente.

A greve foi um grito e chamado para a comunidade: a nossa luta é para salvar a Fieo, patrimônio de Osasco e região. A continuar com este quadro o fim está próximo! Por isso o encaminhamento da petição ao MP (Ministério Público) pedindo intervenção na FIEO, e todo o esforço de divulgação do movimento grevista.

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A luta forja e a necessidade dá o impulso para a ação. A organização grevista foi sendo construída, dia a dia, negociação a negociação, assembleia a assembleia.

Neste momento de crise nacional e de retirada de direitos dos trabalhadores, a greve também é advertência às demais escolas da região que porventura pensem em eliminar direitos: não venham que não tem!

Exemplo maior da justiça do movimento é a sentença do TRT – Tribunal Superior do Trabalho: “o não pagamento do salário é o seu motivo mais sério, e demitir por justa causa este tipo de greve é a ordem jurídica grosseiramente afrontada”.

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