O governador Geraldo Alckmin e a Sabesp têm em mãos, desde 2003, estudos mostrando a agonia do sistema de abastecimento de água no estado. Não um estudo apenas, mas vários, sucessivos. Do início de 2014 em diante, por conta do agravamento extremo da estiagem e a disputa eleitoral, a condição das represas virou notícia. Num primeiro momento, falava-se apenas no sistema Cantareira, o mais afetado. Mas era eleição e o governador-candidato, pessoalmente, garantiu que não faltaria água, nem haveria racionamento.
De certa forma, ele continua garantindo que não há racionamento, usando, para isso, jogos de palavras. Mas agora tanto faz admitir ou não. Já há estimativas de que o volume de todos os reservatórios somados não passa de 15% da capacidade.
Não pode gente irresponsável sair divulgando teorias absurdas
É claro, cobrar planejamento, transparência e envolvimento da Justiça na apuração de responsabilidades é obrigatório. Mas a gravidade é tal que, por si só, isso não é o bastante. Pode, eventualmente, trazer justiça. Mas não fará chover.
O que importa agora é que se transformou num problemão de todos nós. Não se trata de se vai ou não faltar. Trata-se de até quando faltará água. Com Sabesp, com governador, ou sem eles, cada um de nós precisará dar sua parcela de contribuição para minimizar o caos. As periferias já estão sofrendo com a redução de pressão. O racionamento, oficializado, vai talvez democratizar (um pouco) a escassez.
O que não pode é gente irresponsável, baseada em achismos, sair divulgando teorias da conspiração absurdas na Internet. Isso mesmo. Como um vídeo com quase um 1 milhão de visualizações (até o fechamento desta edição), que diz que a falta de água é um engodo para favorecer indústrias de refrigerantes (sic!). Um desestímulo à economia de água e, por isso mesmo, um enorme desserviço à comunidade, para dizer o mínimo.
