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É preciso falar sobre a verdade

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A semana foi marcada pela apresentação dos relatórios da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e, aqui na região, pelo relatório da Comissão Municipal da Verdade de Osasco (CMVO). Os fatos, históricos, acabaram por ressuscitar a inconsistente discussão sobre a inexistência de uma apuração das violações que teriam sido cometidas por aqueles que lutaram contra a ditadura.

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É preciso ter clareza que essa argumentação nasce de algo muito mais pueril do que uma batalha ideológica. É uma argumentação egoísta, de auto-preservação, da parte de pessoas que se utilizaram da armadura do estado para torturar e matar cidadãos que simplesmente expressavam publicamente sua discordância do regime. Aquelas pessoas vítimas dessa violência eram gente comum, trabalhadores, trabalhadores, donas de casa, estudantes, pais, mães e filhos cujo “crime” fora expressar seu desacordo com a condução política e econômica do país.

Na ditadura, apenas um dos lados usou pau de arara, eletrocussão, estupros

O confronto, de fato, veio depois. A luta armada foi provocada por uma condição de supressão de direitos. Transformou-se numa guerra contra um estado que controlava a mídia, censurava informações, impedia a livre expressão, condenava e punia antes de julgar. Torturava o trabalhador que reivindicava melhores salários ao patrão. Condenava quem ia às ruas protestar contra o aumento do transporte público, da educação, ou do preço do feijão.
É preciso falar sobre a verdade implícita, que responde à argumentação egoísta. Toda guerra tem violência e houve sim baixas dos dois lados. Mas mesmo na guerra há de haver alguma ética, a preservação dos direitos humanos. E, no caso da ditadura militar, apenas um dos lados usou o pau de arara, eletrocussão, encarceramento subumano, estupros, a tortura com (e de!) crianças como forma de alcançar seus objetivos.

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E é por isso que, depois de tanta luta pela democratização, é tão assustador quanto incompreensível ver nos dias de hoje uma parcela da população, por menor que seja, supondo algum benefício na volta daquele regime.

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