Duas datas, dois objetivos, muitos pontos de vista diferentes. No domingo, 16, o país assistiu a uma manifestação relevante na essência do descontentamento, claro, mas no mínimo curiosa nas opiniões e valores. Uma manifestação que produziu imagens estarrecedoras de ódio, desejando a morte da presidente Dilma, retorno da ditadura militar, ou denunciando disparates como “a implantação do comunismo” no Brasil! Enquanto os manifestantes faziam um festival de selfies com policiais, outro grupo expulsava quem ousara homenagear os trabalhadores pobres assassinados em Osasco e região.
Era dita como a marcha da família, mesmo com homens e mulheres nus. Ou xingamentos escabrosos a quem não ostentasse o verde e amarelo – geralmente a camisa da CBF – como símbolo da luta contra a corrupção. Mas não no caso de Eduardo Cunha. Afinal, “somos milhões de Cunhas”, dizia uma das faixas.
Na quinta, 20, depois do horário de trabalho, foi a vez de outro movimento. Eles foram chamados “pixulecos” pelos manifestantes de domingo. Gente que saiu do trabalho e foi para as ruas. Movimentos sociais como os sem terras, sindicatos, entidades de trabalhadores, Centrais Sindicais. Caminharam em defesa da lei e de décadas de luta pela liberdade e respeito aos direitos individuais e coletivos. Não em favor da presidente Dilma Rousseff. Mas em defesa do que decidiu a maioria dos eleitores em outubro de 2014. Também criticaram o governo e defenderam um agenda nacional capaz de recolocar o Brasil no caminho do crescimento, levando em consideração as pessoas, não os mercados. Marcharam, inclusive, em defesa do direito – daqueles que se manifestaram dias antes, no domingo – de os intitularem “pixulecos”.
Não pediram a morte de um partido, ou de meia dúzia de lideranças. E ainda lembraram os mortos na chacina na periferia de Osasco e região. Esse é o verdadeiro espírito de um #BrasilDaDemocracia.
