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Editorial: Globalização para quem?

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Anunciada como um processo inexorável, mas do qual todos se beneficiariam, a chamada globalização, intensificada a partir da década de 80, mostra-se cada vez mais distante dos anseios de um mundo sem fronteiras, aplicando-se tal noção somente ao fluxo de capitais.

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O famoso geógrafo brasileiro Milton Santos, morto em 2001, já falava na “globalização como fábula”. Trata-se, grosso modo, da ideia amplamente propagada de que vivemos em um mundo único. O que se globalizou, no entanto, foram apenas os hábitos de consumo, que são praticamente iguais, principalmente no mundo ocidental.

 
Vivemos uma contradição. Ao mesmo tempo em que se vendeu a ideia da globalização, países buscam de todo o modo fechar suas fronteiras, em uma crescente onda de xenofobia. Diante do aumento da desigualdade nos países ricos, escolhe-se o estrangeiro como o causador dos males da sociedade.

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Como exemplos temos fatos recentíssimos. Nos EUA, o fenômeno Donald Trump. Com discurso de fechar fronteiras a islâmicos, ódio aos mexicanos e outras declarações marcadamente racistas, fala ao americano médio, que se vê amedrontado pelo esmagamento da classe média. Nesta quinta, decisão da Suprema Corte derrubou o projeto de imigração do presidente Barack Obama, o que pode causar a deportação de 5 milhões de pessoas do país.

 
No Reino Unido, uma deputada que defendia a permanência na União Europeia foi assassinada por um membro da extrema direita. No plebiscito ocorrido nesta quinta, o resultado é incerto e deve ser apertado.

 
Segundo a ONU foram 65,5 milhões de refugiados no mundo em 2015. Mais do que nunca, a tese de Milton Santos está demonstrada.

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