Desde que a presidente Dilma Rousseff foi reeleita, com margem pequena de diferença em relação a seu adversário no segundo turno, a oposição não agiu no Congresso com outro objetivo senão o de abreviar o mandato. Houve discordância apenas quanto ao método. Aécio Neves buscava através do TSE cassar a chapa Dilma/Temer para causar nova eleição. Outra parte do PSDB se contentava apenas em derrubar Dilma.
Primeiros rounds da batalha do impeachment mostram que a luta não será fácil
O PMDB aproveitava a situação política para angariar cada vez mais espaço, leia-se cargos, na máquina federal. Emplacou Eduardo Cunha na presidência da Câmara, ajudou a derrotar o governo em votações importantes e com isso conseguiu mais ministérios, inclusive o da Saúde. Cid Gomes denunciou os “achacadores”, apontando o dedo para Cunha.
A narrativa predominante da mídia, aliada à crise econômica que deteriora o poder de compra e ameaça o emprego do povo, fez parte significativa da sociedade apoiar qualquer político que discurse contra o PT, apontado como o causador de toda a corrupção que, nessa mesma narrativa, teria começado em 2002 no país.
A blindagem que é automaticamente vestida pelos anti-petistas é personificada em Eduardo Cunha. Delatado corrupto com base em provas, segue manobrando para salvar seu mandato. Quando acolheu o pedido de impeachment estava claro tratar-se de uma retaliação, o que pouco importa para uma oposição que só tem um “projeto” para o país: subverter a democracia e derrubar a presidente eleita, ainda que sem crime de responsabilidade como rege a Constituição Federal.
Para o governo interessa resolver logo a questão do impeachment e os primeiros rounds mostraram que a batalha não será fácil. Esse “terceiro turno” da eleição presidencial guarda semelhanças com o segundo, quando mesmo setores da esquerda insatisfeitos com o governo Dilma se uniram contra um mal maior. A união deve ser pela legalidade e contra o golpismo.
