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Enorme desserviço

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João Guilherme Vargas Neto

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As relações históricas entre partidos políticos e sindicatos trabalhistas – refiro-me aos partidos que encarnam as aspirações dos trabalhadores – obedecem, esquematicamente, a dois modelos: o modelo inglês, em que o sindicato cria o partido e o dirige, e o modelo alemão, em que o partido cria o novo sindicato e orienta suas reivindicações.

Este esquema original tem seus elementos modificados ao longo da história pelo desenrolar das experiências de ambas as instituições, bem como pela ampliação e diversificação da base dos trabalhadores; influi poderosamente nele a eventual ascensão ao poder político e as situações revolucionárias ou singulares pelas quais passam os povos.

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Na variada e ao mesmo tempo monótona história social brasileira, vemos os dois modelos se entrecruzarem, principalmente na singularidade representada pela explosão das greves operárias de 1978 e a criação do PT em 1980 (crise e esgotamento do regime militar, falência do socialismo real enquanto projeto coerente e democratização da sociedade brasileira; a pauta sindical casou-se com a pauta da sociedade).

Uma outra experiência histórica de grande relevância é a do PCB. Nela, a todo momento, a vivacidade sindical ao se exercer, modifica a orientação estratégica do partido e impõe a ele as orientações, as bandeiras e… as próprias desorientações sindicais. Como exemplo positivo lembro as greves de 1953 e as resoluções sindicais após o suicídio de Getúlio Vargas que começaram o sepultamento do sectarismo do manifesto de agosto de 1950. Como exemplo negativo menciono a incapacidade da direção partidária, recém chegada do exterior, em compreender os fenômenos novos do petismo e do cutismo, decorrente dos erros que o  movimento sindical cometia com sua obsessão (correta, mas abstrata) pela unidade.

O tema é vasto e complexo

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Porém, nada conforta a posição dos que, subestimando a demanda unitária do movimento sindical na atual conjuntura, procuram através de orientação partidária oportunista e inoportuna, interferir no conteúdo, no ritmo e no desenrolar das lutas sindicais na jornada do 11 de julho. A incompreensão é grave e o desserviço – à causa democrática, à causa partidária e à causa sindical – é enorme.

 

João Guilherme Vargas Neto é consultor da Força Sindical

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