O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) denunciou o ex-prefeito de Cotia Joaquim Horácio Pedroso Neto, conhecido como Quinzinho, e dois funcionários da empresa pública Procotia pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro. Eles são acusados de desviar e ocultar recursos federais destinados às áreas de educação e saúde do município. Ao todo, o esquema subtraiu R$ 27,5 milhões dos cofres públicos da cidade entre janeiro de 2001 e abril de 2005.
Denunciado em primeira mão e com exclusividade pelo Visão Oeste em março de 2005, o caso agora pode ter consequências mais sérias para os envolvidos, caso a denúncia do MPF seja aceita pela justiça. Após a denúncia do Visão e do então vereador Toninho Kalunga, a Procotia foi extinta por Quinzinho Pedroso, que também acabou expulso do PSDB.
Em setembro de 2005 o caso ganhou mais repercussão quando uma operação da Polícia Federal, batizada de Raposa, prendeu dois secretários municipais na cidade, um deles irmão de Quinzinho, e apreendeu um total de 155 mil dólares sem origem declarada na casa dos acusados.
O esquema
Parte da verba dos Ministérios da Educação e da Saúde remetida à Prefeitura de Cotia era utilizada no pagamento dos empregados contratados pela empresa Procotia para a prestação de serviços em diversos setores da administração municipal. No entanto, muitos desses funcionários recebiam salários bem inferiores aos declarados pela companhia ao INSS e à Receita. A diferença entre o que era pago aos trabalhadores e o valor indicado ultrapassava R$ 30 mil em alguns casos.
Para efetuar as fraudes, a Procotia mantinha duas folhas de pagamento: uma oficial, que os empregados acessavam mensalmente, e outra, contendo valores bem mais altos, usada para solicitar repasses cada vez maiores à Prefeitura. Esta lista trazia ainda funcionários fantasmas.
As investigações também apontaram pagamentos em duplicidade, que ultrapassaram R$ 1,1 milhão. Os valores não recebidos pelos empregados seriam desviados pelo presidente da Procotia, Joaquim Pereira da Silva, e pela chefe do departamento de pessoal da empresa, Cristiane de Souza, denunciados pelo MPF juntamente com o ex-prefeito Quinzinho Pedroso, que, de acordo com o MPF, era quem realmente comandava a empresa.
Segundo a denúncia, os três acusados buscaram transformar os recursos ganhos indevidamente em ativos com origem aparentemente legal. Para isso, utilizavam cartões-salário, que teoricamente pertenciam a funcionários contratados pela empresa, para movimentar o dinheiro depositado pela Prefeitura.