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Investigação da cratera do Metrô pode ter sido abafada por propina

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Profissionais ligados a construtoras admitiram negociações / Foto: Divulgação

A investigação sobre o acidente que deixou sete mortos na linha-4 do Metrô, em 2007, quando José Serra (PSDB) era governador, pode ter sido abafada com pagamento de propina, diz reportagem da Folha de S. Paulo desta quinta, 17.

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Profissionais ligados a três das construtoras que participaram do consórcio admitiram que negociaram o pagamento com um advogado que se dizia intermediário de um promotor de Justiça.
“Segundo as fontes ouvidas pela Folha, nas tratativas de propina em 2007 um dos representantes das empresas foi o advogado Fernando Maximiliano Neto, que já havia trabalhado no departamento jurídico da Odebrecht. Outro nome é o do advogado Ismar Marcílio de Freitas Jr., que dizia representar o então promotor Ruy Pires Galvão Filho.”

Galvão foi promovido a procurador e disse não ter atuado no julgamento do caso do Metrô. Ele nega recebimento de propina, mas “aparece citado de maneira cifrada em e-mail apreendido pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, segundo a Folha apurou.”

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Na mensagem, funcionário da Odebrecht pede autorização para pagar o promotor. O valor seria de R$ 200 mil e a empreiteira teria de arcar com 20% disso. A propina total para abafar a investigação seria de R$ 3 milhões, segundo documentos apreendidos com a Camargo Corrêa na operação Castelo de Areia, em 2009.

A ideia era favorecer os executivos investigados no que foi o “maior acidente da história do Metrô de SP”, disse o jornal.
Coincidentemente, os 14 réus das empresas processadas pela tragédia foram absolvidos em primeira instância. A Justiça apontou que a Promotoria não conseguiu provar que os acusados tinham condições de evitar a cratera e as mortes. A Promotoria também não responsabilizou nenhum funcionário de alto escalão das empresas.

O Consórcio Via Amarela era liderado pela Odebrecht e incluía, ainda, a Camargo Corrêa, OAS, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez.
As fontes da Folha, porém, não puderam confirmar que o suborno foi realmente pago. Mas o veículo salientou que o simples ato de ofertar ou solicitar propina já configura crime de corrupção, de acordo com o Código Penal.

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O Tribunal de Justiça julgará o caso em segunda instância. O Ministério Público abriu inquérito no mês passado para apurar a denúncia.