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Marcos Martins: Água – um recurso vital, porém mal cuidado em São Paulo

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Mais um Dia Mundial da Água e, nós moradores do Estado de São Paulo, não temos nada a comemorar.

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Vital para a vida, a água é um recurso escasso e muito mal cuidado em São Paulo. A população paga caro para tê-la, quase nunca tem na torneira e quando a recebe trata-se de um recurso não tratado, com destinação errada e que passa por uma tubulação toda irregular.

A verdade é que o poder público tem sido omisso nesse assunto.

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O Governo Federal despreza os recursos e entrega nossas fontes naturais para multinacionais. Basta olharmos, por exemplo, a situação do Aquífero Guarani e a quantidade de fontes nas mãos de empresas. Não podemos admitir que os bens naturais sejam negociados à nossa revelia.

O Governo de São Paulo é incapaz de pensar em longo prazo e fazer um plano para despoluir rios, para enfrentar períodos de estiagem, como o que aconteceu entre 2013 e 2014 e quase secou o Sistema Cantareira, e tomar iniciativa para, de fato, fazer a coleta e tratamento de água e esgoto.

Os municípios, em sua maioria, lavam suas mãos e entregam os serviços de saneamento básico para empresas, como a Sabesp, que mais se preocupam com o lucro dos acionistas do que se tem água na torneira da população. Reportagem recente da Folha de S.Paulo mostra que apenas sete dos 365 municípios que a Sabesp atua contam com atendimento de água, coleta e tratamento de esgoto. Há anos pressionamos a estatal paulista e não vemos nenhum resultado.

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O povo não aguenta mais. Muita promessa e nada de ação.

Em 2003, o então governador Geraldo Alckmin prometeu que entregaria o Rio Tietê limpo e navegável. Hoje, 15 anos depois, ele se prepara para deixar o governo para novamente disputar a Presidência da República sem ter feito nada do que prometeu. Nesse mesmo tempo, seu governo nada fez para extinguir a tubulação de amianto, substância cancerígena proibida por lei em São Paulo, que coloca em risco a saúde dos moradores. Assim, a população sofre e os problemas só aumentam.

A gestão dos recursos hídricos em São Paulo é pouco transparente, nada eficiente e não traz nenhuma melhora ambiental.

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Depois de quase secar um dos principais sistemas de abastecimento de água da região metropolitana do Estado, em 2014, o Governo de São Paulo foi salvo pelo volume morto. Com isso, a população reduziu em 20% o consumo de água. Tal padrão de consumo fez o lucro da Sabesp ter uma queda de 53%.

No ano seguinte, a imprensa noticiou que a estatal paulista desperdiçava quase o triplo do volume de água economizado pela população.

Em 2016, depois de aumento nas tarifas dos serviços de água e esgoto e corte dos investimentos, milagrosamente o balanço do ano seguinte apontou lucro recorde de R$ 2,9 bilhões da empresa. Falta água para a população, mas não dinheiro para os acionistas.

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Agora, a empresa adotou práticas ortodoxas e persegue a população.

Fazendo valer a lógica de água é uma mercadoria e não um bem natural, a Sabesp quer punir os cidadãos que economizarem. A Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp) decidiu reajustar automaticamente a tarifa de água e esgoto da Sabesp quando houver uma “variação anormal” do consumo médio de água da rede. Ou seja, se o cidadão reduzir o consumo e isso tiver efeito negativo nas receitas da Sabesp, a conta de água vai subir além da correção pela inflação. A Arsesp argumenta que essa nova regra visa “garantir o equilíbrio econômico-financeiro” da Sabesp.

Nessa data, só nos resta lamentar a postura de nossos governantes e trabalhar para mudar esse quadro. Água é vital para vida. Pagamos caro e exigimos serviços de distribuição de água e tratamento de esgoto de qualidade!

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