Início Brasil Mais Médicos: “Não importa de onde vieram, mas que nos atendam bem”

Mais Médicos: “Não importa de onde vieram, mas que nos atendam bem”

0
O clínico geral cubano Lorenzo Lopes é um dos que vieram trabalhar em Osasco por meio do programa / Foto: Leandro Conceição

Leandro Conceição

publicidade
O cubano Lorenzo Lopes é o novo clínico geral da UBS do Olaria do Nino / Foto: Leandro Conceição
O cubano Lorenzo Lopes é o novo clínico geral da UBS do Olaria do Nino / Fotos: Leandro Conceição

A dona de casa Elza Souza do Nascimento foi pega de surpresa esta semana. Aos 39 anos, mãe de dois jovens, ela descobriu na terça-feira, 5, que está grávida do terceiro filho. No dia seguinte, procurou a Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro onde mora, o Olaria do Nino, zona Sul de Osasco, para fazer uma avaliação médica, receber orientações e encaminhamento ao pré-natal.

E diferentemente de outras vezes em que a dona Elza procurou a unidade, a UBS tinha um clínico geral à disposição: o cubano Lorenzo Lopes, de 43 anos. Ele é um dos 12 profissionais que chegaram à rede municipal de saúde por meio do programa “Mais Médicos”, do Ministério da Saúde, criado para levar profissionais às periferias e rincões do país, onde há dificuldade para contratar médicos.

Médicos do programa começaram a atender nas UBSs na segunda, 4

publicidade

“Esse programa é maravilhoso. Não importa de onde o médico veio, o que importa é que ele dê atenção, nos atenda bem. E o atendimento dele foi muito bom”, afirmou Elza. “Teve vezes que vim aqui e não tinha médico à disposição, mandavam a gente procurar outra unidade”.

Lorenzo está entre os quatro que chegaram na primeira leva de médicos do programa, em setembro, e começaram a atender em UBSs da cidade na segunda-feira, 4.  “Este programa é muito importante. É uma oportunidade de poder ajudar a população carente. Nós, médicos, em qualquer lugar do mundo, trabalhamos para ajudar a população”, diz o cubano.

Pacientes elogiam

publicidade

Outra UBS que recebeu médico do programa foi a do Jardim D’Ávila, na zona Norte. Começou a trabalhar lá esta semana a clínica geral portuguesa Gabriela Fonseca, 25. “[O Mais Médicos] foi uma ótima oportunidade de vir para o Brasil. Gosto daqui, tenho muitos familiares no país”, afirma.

“[Os primeiros dias] estão sendo muito bons. Os pacientes estão bem receptivos, contentes por agora ter um médico fixo [na unidade]”. Antes dela, a UBS contava apenas com uma clínica geral plantonista, que atendia duas vezes por semana.

A portuguesa Gabriela Fonseca na UBS do Jd. D'Ávila
A portuguesa Gabriela Fonseca na UBS do Jd. D’Ávila

Na quarta, os pacientes de Gabriela Fonseca eram só elogios: “Nunca havia sido atendida por uma médica tão atenciosa”, disse a dona de casa Francisca Paz de Andrade. A costureira Aparecida Alves afirmou que “as outras médicas que tinham aqui, não eram muito atenciosas. A doutora nova me ouviu bastante, deu muita atenção”.

publicidade

Profissionais que “valem por dois”

Um profissional do Mais Médicos, cujo expediente costuma ir das 7h às 16h em Osasco, pode valer por dois. “Os clínicos geralmente trabalham quatro horas por dia. Como ela está aqui em período integral, supre a necessidade de dois clínicos”, explica a gestora da UBS do Jardim D’Ávila, Lourdes Amorim.

Para o prefeito de Osasco, Jorge Lapas (PT), “a gente pode multiplicar por dois ou três o [número de médicos] que estamos recebendo, porque eles vão ficar em período integral e a semana toda na unidade, diferente dos outros médicos, que fazem plantão de 12 horas ou carga semanal de 20 horas”.

publicidade

LEIA TAMBÉM
Profissionais do Mais Médicos em Osasco devem chegar a 20 até o fim do mês 

O secretário de Saúde de Osasco, José Amando Mota, avalia que, com o programa, “vamos dar um salto de qualidade grande no atendimento mais humanizado na periferia”.

Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, “o Mais Médicos é um primeiro passo para uma grande transformação na saúde do país. A melhoria da assistência em atenção básica aumenta o controle de doenças crônicas, reduz a mortalidade materna e as filas nos hospitais”.

publicidade

50 médicos

De acordo com Amando Mota, a cidade deve receber até o fim do mês mais oito médicos por meio do programa, totalizando 20. Para o ano que vem, a meta é chegar a 50 profissionais. “Osasco tem um olhar muito especial do ministro Alexandre Padilha. Nossa expectativa é bastante positiva”.

“Eles vieram para ajudar, mas falta estrutura”, diz médico osasquense

publicidade

O pediatra Ricardo Moraes, companheiro de trabalho do cubano Lorenzo Lopes na UBS do Olaria do Nino, diz que os profissionais do programa são bem-vindos. “Colega sempre vai ser colega, eles vieram para ajudar. Faltam médicos na periferia e as pessoas precisam ser atendidas”.

No entanto, ele diz que faltou diálogo entre o governo e as entidades de classe na implantação do Mais Médicos.

Para Moraes, entre as razões para a dificuldade de contratação de médicos para as periferias estão falta de valorização profissional, estrutura e segurança, e não falta de interesse de profissionais brasileiros, como argumentam defensores do programa.

publicidade

“Faltam equipamentos e medicamentos básicos. Além disso, dias atrás danificaram, riscaram completamente, os carros de quatro médicos. Falta estrutura e segurança. Não adianta colocar a população contra o médico”.

Região tem 32 profissionais do programa

As cidades de Osasco (12 médicos), Carapicuíba (oito), Itapevi (seis) e Embu das Artes (seis) receberam, juntas, 32 profissionais do programa Mais Médicos. A maioria dos médicos são cubanos.

publicidade

Em todo o país, de acordo com o Ministério da Saúde, atualmente, 3.664 profissionais participam do programa, dos quais 2.845 estrangeiros, a maioria cubanos, e 819 brasileiros. Acordo firmado entre o governo brasileiro e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) prevê a contratação de 4 mil médicos de Cuba.

Ainda de acordo com a pasta, o Mais Médicos fechará o ano com cerca de 6.600 profissionais. A meta do Governo Federal é atender a demanda por 12.996 médicos até março de 2014.

Os profissionais do programa recebem bolsa de R$ 10 mil por mês e ajuda de custo pagos pelo Ministério da Saúde. Os municípios ficam responsáveis por garantir alimentação e moradia aos selecionados. Os brasileiros têm prioridade no preenchimento dos postos apontados e as vagas remanescentes são oferecidas aos estrangeiros.

publicidade