Início Opinião O viés do mercado é purgatório do cidadão

O viés do mercado é purgatório do cidadão

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O que tem em comum a aprovação do ajuste fiscal pelo Congresso Nacional e o reajuste da tarifa de água no estado de São Paulo? O primeiro, apresentado como remédio amargo, mas necessário, para recolocar a economia do país no rumo da estabilidade. O segundo, resultado da vitória da Sabesp, do governo do estado, na queda de braço com a Proteste, de defesa do consumidor, e vendida como solução inevitável para salvar a companhia estatal de perdas financeiras. Perdas essas decorrentes, por ironia, do esforço da população para economizar água durante a grave crise hídrica que assola os paulistas.

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Há um entendimento de que a panaceia do mundo é salvar companhias

Algum palpite? Não é tão difícil: o viés de mercado. O entendimento de que a panaceia do mundo é salvar companhias, bancos e estruturas financeiras antes de resolver a vida do cidadão comum. A adoção dogmática do lendário tripé macroeconômico, por exemplo, sem considerar, de fato, que para esse conceito funcionar, o dinheiro do consumidor precisa fazer as engrenagens girarem. E é sintomático que, no caso do ajuste fiscal, a escolha seja feita pelo mesmo governo de esquerda que, no passado não muito distante, revolucionou o país ao fazer justamente o oposto: valorizar os mais pobres e injetar dinheiro na economia indiretamente, alavancando o poder de compra dos cidadãos.

No caso do reajuste da tarifa de água, de novo, vence a lógica do mercado. A opção pelo salvamento dos valores de ações de uma companhia cujo acionista principal é o Estado. Em detrimento do cidadão, que só sofre porque o mesmo Estado, anos antes, permitiu que sua companhia bonificasse executivos e acionistas ao invés de intensificar investimentos onde todos os analistas recomendavam.
É desolador que, no final das contas, um governo caracterizado à esquerda e outro, símbolo da direita no País, acabem convergindo na mesma lógica, que permeia o purgatório do cidadão.

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