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Opinião: Shopee dá baile em Magalu e Casas Bahia e vira a queridinha do varejo no Brasil

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Divulgação/Shopee

*Por Carlos Lopes

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As compras online vieram para ficar. Com a consolidação dos e-commerces como uma forma prática de comprar qualquer tipo de objeto – dos eletrônicos ao vestuário – as visitas às lojas físicas parecem não ser mais o primeiro lugar de busca dos consumidores brasileiros. Como reflexo desse novo perfil do consumidor, a varejista Magazine Luiza terminou 2021 com prejuízo de 79 milhões de reais no quarto trimestre. A maior parte da receita do grupo, até então, vinha das vendas nas lojas físicas, que caíram cerca de 20% se comparadas ao ano anterior. Já a Via (dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio), fechou o ano com prejuízo de R$ 297 milhões.

O impacto é grande: os marketplaces internacionais como o Aliexpress e a Amazon cresceram no Brasil no último ano de forma predatória no que tange a concorrência de mercado, comercializando produtos sem a incidência de impostos que as nacionais pagam, como o ICMS, ISS, PIS e COFINS, em alguns casos. Já as empresas brasileiras, investiram no comércio online durante a pandemia, pois as lojas físicas ficaram um bom tempo fechadas. Porém, os resultados ainda não chegaram para essas empresas.

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No mercado, o prejuízo da Magazine Luiza não foi bem recebido e as ações da empresa caíram 32,5% neste início de 2022. Com esse cenário, empresários de grandes lojas, como o Luciano Hang, dono da Havan, se movimentam na justiça para que os produtos vendidos pelas plataformas internacionais no Brasil sejam tributados.

Outra grande empresa do setor, a Etna, anunciou o encerramento das atividades no final de março. Depois de 17 anos no mercado, a empresa especializada em móveis e decoração vai fechar 4 lojas e ainda desativar a loja virtual depois da queima de estoque. A crise que atingiu a empresa fez com que as lojas físicas começassem a ser desativadas já no ano passado, após ser afetada pela concorrência online.

Em contrapartida, as lojas virtuais de empresas estrangeiras no Brasil estão crescendo exponencialmente. A asiática Shopee registrou 140 milhões de pedidos no país durante o quarto trimestre de 2021 (mesmo período em que a Magalu amargou o prejuízo de R$ 79 milhões). Recentemente, a empresa chegou à incrível marca de 2 milhões de lojistas parceiros na plataforma, deixando players nacionais – como Americanas e Magalu – para trás.

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As vendas feitas pela Shopee representam um aumento de 400% se comparado ao mesmo período de 2020. Neste ano, a perspectiva é de que a empresa invista 1,5 bilhão de dólares na América Latina, segundo relatório do banco Goldman Sachs. O aplicativo da loja foi o mais baixado da categoria de compras online no mundo ao longo do ano passado. Já o Brasil, ultrapassou a China e é o segundo país que mais faz downloads de apps do setor de compras.

Os prejuízos de Magalu e Casas Bahia acendem alerta no setor: a concorrência internacional cresceu e as gigantes nacionais precisam se reinventar para vender num mercado cada vez mais competitivo – na presença digital e no preço – para se manterem no páreo do comércio eletrônico que cresce em disparada no Brasil.

*Carlos Lopes é mestre em Economia, Assessor de Investimentos da Aspen Investimentos e Head da Aspen Educacional

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