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Renata Abreu diz que escândalo com João de Deus demonstra “cultura do estupro no país”

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A deputada federal Renata Abreu

A deputada federal Renata Abreu (Podemos-SP) afirmou que o escândalo que envolve o médium João de Deus, alvo de mais de 200 denúncias de suposto abuso sexual, “é mais uma demonstração de como é a cultura do estupro no país”.

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“Os números que constam das estatísticas, mesmo já sendo elevadíssimos, não são reais porque muitas das vítimas silenciam por anos, às vezes uma vida inteira, com medo de se sentirem expostas de novo, de não serem ouvidas e acolhidas, de ninguém nem acreditar… Eu entendo a fragilidade, a impotência, a dor, a solidão, a angústia”, escreveu Renata Abreu em sua página no Facebook.

“Como deputada federal, tenho me empenhado pra quebrar essa corrente do mal. Meu Projeto de Lei 3837/2017, que já está no Senado, obriga o registro de violência contra a mulher no prontuário de atendimento médico, servindo de base para a Polícia investigar e chegar ao criminoso”, continuou a deputada federal. “Sou super solidária com todas as vítimas, que elas encontrem forças e apoio. Que tudo seja apurado e a Justiça cumpra seu papel”.

João de Deus é acusado de abusar sexualmente de dezenas de mulheres / Foto: divulgação

Após denúncias contra João de Deus, centro espírita cogita recesso

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A notícia de que o Ministério Público de Goiás (MP-GO) pediu a prisão preventiva do médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, alterou a rotina no centro espírita Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO) e também nas pousadas, lojas, nos hotéis, restaurantes que vivem do turismo religioso na região.

Ônibus de excursão com fiéis continuam chegando à pequena cidade de cerca de 12 mil habitantes, dividida pela BR-060, que liga Brasília a Goiânia. O número de pessoas, contudo, é inferior ao habitual. Comerciantes evitam falar com a imprensa, mas alguns lamentam as desistências de reservas e a queda no movimento.

Pelo segundo dia consecutivo, o médium não prestou atendimento e aconselhamento espiritual. Ontem, ele chegou a passar pelo centro, mas permaneceu no local por menos de dez minutos. Após um rápido pronunciamento a seus seguidores, no qual disse ser inocente e afirmou estar à disposição da Justiça, ele deixou o centro em meio a um grande tumulto. Nenhum dos assessores mais próximos confirma o paradeiro do médium e o advogado não atende o telefone.

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Hoje pela manhã, a mulher de João de Deus, Ana Keyla Teixeira, esteve na Casa da Sopa e em um dos endereços residenciais da família, mas evitou falar com a imprensa.

No site, a Casa Dom Inácio mantém a agenda habitual até o fim do mês, com a previsão de atendimento todas as quartas, quintas e sextas-feiras. No entanto, administradores do centro espírita já cogitam a possibilidade de interromper as atividades temporariamente, concedendo férias a parte dos 40 funcionários – número que inclui também os trabalhadores da chamada Casa da Sopa, que funciona em um casarão do centro da cidade e onde são servidas refeições para os fieis e para a população em geral, além de oferecidos serviços assistenciais.

“Diante da turbulência, eu aconselharia a fazermos um recesso”, disse à Agência Brasil um dos principais gestores da casa, Francisco Lobo. “É uma forma de amenizarmos um pouco a situação e evitarmos que as pessoas se desloquem de tão longe, onerando-as”, acrescentou Lobo, garantindo que curtos recessos costumam ser adotados anualmente, ou em setembro, ou em dezembro. “Esta semana, estamos atendendo como já fazíamos. Quando o João não está [em Abadiânia] nós fazemos isso, mantendo esse padrão [de atendimento].”

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Lobo admite que a frequência à casa esta semana está menor que de costume – mesmo levando em conta que, em dezembro, habitualmente, o movimento cai em comparação ao resto do ano. “O fluxo, hoje, é o mesmo de ontem. Cerca de 1,2 mil pessoas passaram por aqui”, acrescentou o gestor, explicando que o número de atendimentos semanais em outros períodos gira entre 3 a 5 mil pessoas.

“Claro que há uma redução diante dos fatos. As pessoas vêm aqui para ser atendidas pelo João. Quando ele não está, elas também são atendidas, mas elas vêm principalmente para ver e ser atendidas pelo João”, destacou.

Ao contrário desta quarta-feira, quando o médium fez sua primeira aparição pública desde que o programa Conversa com Bial, da TV Globo, trouxe a público as primeiras denúncias de abuso sexual, a Casa Dom Inácio vetou o acesso de cinegrafistas e fotógrafos alegando preservar a imagem dos frequentadores.

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Pelas ruas, poucos moradores aceitam comentar as acusações e o pedido de prisão contra João de Deus, que há 42 anos se instalou na cidade transformando seu centro no principal atrativo e gerador de renda do município. (Da Agência Brasil)