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Rosane Bertotti: Só formação, organização e mobilização da classe trabalhadora barrarão o desmonte das conquistas dos trabalhadores

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Rosane Bertotti é Secretária Nacional de Formação da CUT
Rosane Bertotti é Secretária Nacional de Formação da CUT

A direita excludente, rentista, anti-nacionalista e entreguista para consolidar o seu projeto precisa destruir todas as possibilidades de construção do pensamento crítico da sociedade brasileira. É preciso vergar a força dos trabalhadores, dificultando sua reação a tantos desmandos e saques em nossos direitos conquistados.

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Por isso não temos tempo para lamber feridas, para nos lamentar, é hora de organizar a esperança na prática.

As estatais estão sendo desmontadas e privatizadas, os ataques ao SUS estão fazendo as filas aumentarem, as pessoas morrerem nelas sem tratamento ou remédios. O desmantelamento da educação pública e da seguridade social é parte das estratégias das grandes corporações para que a classe trabalhadora pague a conta da crise econômica criada globalmente pelas grandes corporações transnacionais. Os políticos golpistas se tornaram gerentes dessas corporações.

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Há algo muito errado em um país em que instituições como MP, Judiciário e Congresso expõem as principais empresas geradoras de empregos, atacam sua imagem no Brasil e exterior e contribuem para gerar um desemprego histórico no país dobrando a taxa de desempregados em dois anos: em 2014 eram 6,7 milhões de trabalhadores desocupados saltando para 11,7 milhões em 2016.

Há algo muito errado num país em que o comando da Vale/Samarco, que matou o vale do Rio Doce e envenenou o solo, subsolo e a água de Minas ao Espírito Santo não tenha sido julgado e condenado.

Há algo errado no Brasil onde a agricultura familiar produz 70% dos alimentos de nossa mesa e grande parte dos recursos, investimentos, apoio técnico são para latifúndios do agronegócio. O reconhecimento dos agricultores familiares como categoria produtiva se dá apenas no papel.

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Há algo muito errado quando na maior e mais rica cidade do Brasil e hoje tão desumana cidade de São Paulo, o prefeito eleito gaste 900 mil reais para destruir o maior mural artístico a céu aberto do mundo, tornando mais cinza a selva de pedra e estabeleça uma verdadeira caçada para criminalizar grafiteiros e pichadores e adote como política pública aumentar a velocidade das marginais ignorando as estatísticas que provaram que a redução ampliou o fluxo do trânsito e diminuiu os acidentes.

Há algo errado num país em que a grande mídia estimula o ódio e grupos contaminados pelo ódio não respeitam sequer a morte de Marisa Letícia.

Há algo muito errado num mundo onde oito homens concentram uma riqueza equivalente ao patrimônio de três bilhões e seiscentos milhões de pessoas. Oito homens concentram a riqueza da metade da população do planeta.

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Há algo muito errado quando o império estadunidense elege um empresário que é explicitamente xenófobo, sexista, homofóbico e anuncia que repetirá práticas segregacionistas do Estado de Israel, simbolizando em concreto o apartheid, o ‘muro da vergonha’, que visa impedir a entrada de imigrantes, especialmente mexicanos, nas terras que em grande parte pertenciam aos mexicanos e foram saqueadas pelos EUA.

É nesse cenário adverso da política nacional e global que precisamos recuperar a delicadeza perdida, democratizar a vida, aprimorar a sociedade do conhecimento combatendo a pós-verdade, estimulando o pensamento crítico. E não faremos isso nos jardins murados do Facebook. Faremos, recuperando a grande política que é a política feita pelos trabalhadores organizados.

Nós nos formamos politicamente nas pastorais do campo, da juventude, nos nossos sindicatos. Nesse processo, criamos a maior central da América Latina e a 5ª maior central do mundo – a Central Única dos Trabalhadores. A partir da organização dos nossos locais de trabalho, no chão de fábrica, nos hospitais, nas escolas, no comércio, no espaço rural nos formamos para a luta. Construirmos redes reais de conhecimento debatendo os nossos problemas, buscando soluções criativas, empoderando nossas bases. Foi na luta que nos reconhecemos como classe e será na luta que a classe trabalhadora entenderá que é o nosso trabalho no campo e nas cidades que gera riqueza e que essa não pode ser apropriada por oito homens, protegidos por políticos gerentes.

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*Rosane Bertotti é Secretária Nacional de Formação da CUT

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