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Rovai: Meu nome é corte de direitos, mas pode me chamar de ajuste fiscal

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Renato Rovai é jornalista e diretor da revista Fórum / Foto: Divulgação.
Renato Rovai é jornalista e diretor da revista Fórum / Foto: Divulgação.

Renato Rovai é editor da revista Fórum e diretor de redação do Visão Oeste
Renato Rovai é editor da revista Fórum e diretor de redação do Visão Oeste

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Nos anos FHC um dos melhores analistas políticos se chamava José Simão. Sim, ele mesmo. Foi o macaco quem melhor entendeu a alma daquele governo. Com o seu dicionário de tucanês ele explicava o que a turma do PSDB queria dizer com certas frases cheias de empolação e empulhação.

Fui olhar o dicionário há pouco para lembrar de algumas. Massa trabalhadora em stand up = desempregados; reposição compensatória de tarifa = aumento; nômade urbano = morador de rua; bolsa de exclusão de renda = favela; flexibilizar a legislação trabalhista = acabar com o 13º e/ou a volta do trabalho escravo.

Lembrei muito desse dicionário ao ver o exercício que o governo e alguns petistas têm feito para defender essa lambança que é cortar direitos do seguro desemprego e do pobre pescador que precisa dos recursos da época do defeso para comer.

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Na posse da presidenta Dilma, conversava com um deputado do PT que estava puto da vida com as medidas. Seu raciocínio me parecia óbvio. Ele dizia que o governo tinha que agir privilegiando os mais pobres antes de fazer o ajuste em cima deles. E que mesmo nos casos onde houvesse um ou outro desvio, devia-se fazer vistas grossas, porque era um jeito que o pobre tinha para fazer justiça social.

Ou seja, rico sonega pra depois conseguir um refis e pagar em 30 anos. E pobre não consegue nem ganhar uns caraminguás a mais por ser plantador de mandioca e apenas um pescador ocasional.

E agora, o PT aprova o corte desses direitos. E junto com a mídia passa a chamá-los de ajuste fiscal. O verdadeiro ajuste seria o de cobrar os impostos devidos de grandes empresas como a Rede Globo, cujo Darf ninguém sabe e ninguém viu. Ou ir atrás de cada um desses vagabundos que está na Operação Zelotes. Ou ainda fazer de tudo para aprovar o imposto sobre grandes fortunas.

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Que nada. Bora comemorar a primeira vitória de Dilma na Câmara. Uma vitória de pirro e que na verdade é uma derrota para a base que lhe garantiu a eleição.

Talvez o único certo dessa história toda seja o senador Renan Calheiros, que é um profissional. Esse governo é muito adolescente. E como alguns deles, meio perdido e muito metido à besta.

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