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“Sim, existem gays na PM. E muitos”, diz soldado filmado beijando homem no Metrô

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“Sim, existem gays na PM. E muitos”. A declaração é de Leandro Prior, soldado da corporação que tem sido alvo de ataques e ameaças, até de morte, após um vídeo que mostra ele uniformizado beijando outro homem na boca no Metrô de São Paulo viralizar.

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Há quatro anos como policial militar, ele afirmou, em entrevista ao portal G1: “Existem lésbicas, existem gays, existem trans. Continuam trabalhando e devem permanecer. Não é critério de diminuição dos índices criminais a condição sexual. Como qualquer outro lugar de chefia e direção de qualquer outra empresa ou corporação”.

O tema ainda é um grande tabu e ele, homossexual assumido, conta que já se deparou com o preconceito diversas vezes por parte de colegas de farda. “Existe um enorme preconceito na Polícia Militar contra gays”, afirma. “Houve um caso onde apontaram o dedo. Foi dito que ‘com ele eu não trabalho’. Foi direto, curto e grosso”.

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Prior relata que a maior parte das ameaças que tem recebido partem de outros policiais. Uma delas foi postada no perfil de um PM da Rota no Facebook: “Aqui não aceitamos um policial fardado em pleno Metrô beijando um homem na boca. Desgraçado, desonra para minha corporação. Esse tinha que morrer na pedrada! Canalha, safado! Se alguém não gostar desse comentário, f* você também!”.

Prior diz que não fez nada de errado ou desonroso. “(…) Estão pedindo minha expulsão. Mas, sinceramente, não sei o que fiz de errado. Não causei nada de desonroso. Desonroso é um policial que faz um juramento em defesa da vida, da integridade física e da dignidade humana, e desonra o juramento inteiro ameaçando um par. Como policial, para mim, essa é a maior desonra”, afirmou, à Folha de S. Paulo. “É lamentável que um ato de carinho gere tanto ódio”.

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Afastado

Com a pressão após a divulgação do vídeo, Leandro Prior pediu afastamento médico. Ele retornaria hoje, mas diz ainda não ter condições psicológicas de voltar ao trabalho. “Pela pressão, porque as pessoas não imaginam a dimensão que tomam os problemas. Acredito que, psicologicamente, ainda não esteja apto a retornar”, disse, ao G1.

A pressão vem inclusive da família. Ele diz que o pai reprovou o beijo e cortou relações com o filho.

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Além dos ataques e ameças, o policial foi criticado pelo governador Márcio França: “O código disciplinar deles [PM] tem regras gerais. Eu acho que ninguém precisa fazer as coisas ostensivamente. Nesse caso específico, seja namorando com homem ou com uma mulher, não tem sentido um policial fardado ficar fazendo gestos dentro de qualquer lugar público, é desnecessário, parece uma certa provocação desnecessária”, disse França.

O soldado vai de responder a um procedimento administrativo na PM, que afirma que atitude de Prior no Metrô não obedeceu a regras de segurança exigidas, já que ele teria deixado o coldre da arma aberto. A arma do policial foi recolhida.

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