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Sonhando com a volta de Silas

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“A gente é pai, tenta ser forte, tenta ser durão, mas não aguenta. A gente também chora”, desabafa o pai de Silas Elvis

Só quem tem um familiar internado há anos sabe como é difícil ter que lidar com a angústia de passar a viver parte do dia no hospital, ter que enfrentar diagnósticos, medos e a expectativa de receber alta médica. É assim para o operador de roto moldagem, Silas Fernandes de Oliveira e a esposa, Luzia Nunes de Oliveira. Desde que o filho, Silas Elvis Nunes de Oliveira, hoje com 23 anos, sofreu um acidente de moto, a rotina da família nunca mais foi a mesma.

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Morador do bairro Jardim Piratininga, em Osasco, Silas Elvis tinha 21 anos quando sofreu um acidente, em março de 2015, que o deixou no leito da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas, onde está internado até hoje. A gravidade do acidente fez com que o jovem perdesse os movimentos dos membros superiores e inferiores. Além disso, foi submetido à traqueostomia e colostomia, e passou a respirar com a ajuda de aparelhos.

Os pais e as irmãs mais velhas de Silas revezam para visitar o rapaz todos os dias. Logo após o acidente, o pai do garoto frequentava o hospital diariamente, mas uma mudança na escala do trabalho fez com que a família tivesse que mudar a estratégia para não deixar de vê-lo. “Eu não posso perder o emprego porque eu sustento a casa sozinho. Então a gente teve que se adaptar. Ficou bem mais difícil”, contou.

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Há dois anos, a família luta para conseguir montar uma estrutura hospitalar em casa para que Silas Elvis deixe o hospital, mas não tem sido muito fácil.  A princípio, uma piora no quadro de saúde do rapaz o impediu de voltar para casa. “Os médicos falaram que ele não tinha condições de ir embora. Eu pensei que fosse perder o meu filho. Foi desesperador”. Mas, segundo o pai do garoto, a recuperação foi rápida e o sonho de trazer Silas Elvis para casa ganhou força novamente. “Ele está consciente. Brinca, conversa, dá risada… Mas só pede para ir embora”, relatou.

O pai de Silas conta que há algum tempo a família se prepara para receber o jovem; fez cursos preparatórios de enfermagem e de fisioterapia e até ganhou o aparelho de ventilação mecânica da Secretaria da Saúde de São Paulo. Além disso, solicitou o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), programa disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), responsável por fornecer no lar do paciente, equipamentos, equipe médica, entre outros recursos necessários para mantê-lo em casa. No entanto, a demora em conseguir o serviço tem tirado o sono da família. “Está difícil, mas estamos lutando”, disse o pai do garoto.

“Em casa vai ser tudo diferente. Nossos parentes e os amigos dele vão estar mais perto. A gente sabe que isso é muito importante para a recuperação do Elvis”, contou a irmã mais velha do rapaz, Erica Nunes, que dedica parte do tempo ao irmão hospitalizado. Na tentativa incansável de trazer o jovem para casa, a família também acionou a Justiça e já teve o pedido protocolado pela Defensoria Pública, mas o processo, além de ser burocrático, caminha em passos largos.

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Emocionado, o pai de Silas Elvis conta que no próximo dia 23, o filho completará 24 anos.  “Quando ele faz aniversário, a gente vai lá e leva um bolinho pra ele. Tudo pra ver ele feliz, sabe?”. O jovem vai comemorar mais um ano de vida na espera pelo melhor presente que poderia receber nos últimos 4 anos: ir para casa. “A gente é pai, tenta ser forte, tenta ser durão, mas não aguenta. A gente também chora”, desabafou.