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Terreno com 150 famílias é alvo de reintegração de posse em Itapevi

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Ligados ao MST, sem-teto ocupavam área no Alto da Colina desde o fim de junho, após saída de espaço em outro bairro da cidade / Foto: Carol Nogueira
Ligados ao MST, sem-teto ocupavam área no Alto da Colina desde o fim de junho, após saída de espaço em outro bairro da cidade / Foto: Carol Nogueira

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Carol Nogueira

Na madrugada desta quinta-feira, 3, a Guarda Municipal de Itapevi realizou uma ação de reintegração de posse em um terreno localizado no bairro Alto da Colina, onde estavam acampadas 150 famílias da Comuna Urbana Padre João Carlos Pacchin, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os integrantes do movimento reclamam que os guardas não tinham ordem judicial.
No momento da ação havia cerca de 90 pessoas no acampamento, entre homens, mulheres e crianças. O restante já tinha saído para trabalhar. “Eles nos pegaram de surpresa. Estavam todos armados e foram muito truculentos. Quebraram todos os nossos barracos e atearam fogo”, relatou Danilo Sousa Santos, membro do movimento.

Sem-teto reclamam de truculência dos guardas

Após a reintegração, viaturas da Guarda permaneceram na entrada do terreno. Os sem-terra ficaram em um canteiro próximo ao local onde estavam acampados. “Durante a ação da Guarda, não houve acompanhamento de ninguém da Prefeitura. Só depois um rapaz do Conselho Tutelar veio perguntar das crianças para levá-las a um abrigo. Mas queremos abrigo ou outro local para todos ficarem. Nós vamos continuar lutando e resistindo”, disse.

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Os sem-terra chegaram ao Alto da Colina, no dia 27 de junho. Antes, estavam no bairro Bela Vista Alta. “Fizemos um mapeamento e consta que esse terreno é da Cohab. Nos estabelecemos de forma consolidada para iniciar um novo diálogo com a Prefeitura, sobre a função social desse terreno. Hoje a Prefeitura mandou mais de 20 viaturas da Guarda, canil e o choque”, ressaltou Luciano Carvalho, integrante do movimento.
Em nota oficial, a Prefeitura de Itapevi informou que o terreno é área pública e de posse da administração municipal desde setembro de 2013. A área desapropriada tornou-se utilidade pública, conforme decretos municipais n.° 4865/2012 e 5000/2014.

Segundo informação da Secretaria de Comunicação ao Visão Oeste, houve entendimento do Departamento Jurídico de Itapevi de que era desnecessária a ordem judicial, por se tratar de área pública. O terreno pertence à Cohab, mas está em andamento um processo para posse definitiva da Prefeitura, que tem planos para equipamentos públicos no local.

Desabrigados recebem doações de comida e água

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Os moradores antigos do Alto da Colina assistiram à reintegração de posse e, comovidos com a situação, doaram alimentos e água aos sem-terra. “Nós não somos contra a ocupação, eles têm de ter o lugar deles. Já que a Prefeitura não vai deixá-los nesse terreno, tem de arrumar outro lugar para eles ficarem. Eles não merecem ficar largados na rua”, disse Eduardo Nobre.

MST se uniu a famílias após reintegração anterior

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra está há mais de 10 meses na cidade de Itapevi. A luta iniciou em maio do ano passado, após uma reintegração de posse executada pela Polícia Militar, que desalojou famílias no bairro Bela Vista.
O MST se uniu às famílias e reocupou o mesmo terreno em 31 de agosto de 2013. Desde então, o movimento tenta negociar uma alternativa com a Prefeitura. Segundo levantamento feito pelos integrantes do movimento, a área ocupada no Bela Vista Alta possui mais de R$ 700 mil em dividas e documentos irregulares.
Mas sem avanços nas negociações e seguidas derrotas nos processos judiciais, os sem-terra negociaram o prazo de saída com o proprietário do terreno de forma pacífica e migraram para a área no Alto da Colina.

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