A ação de um grpo de protetores de animais em São Roque, que culminou com a invasão e “resgate” de cães da raça beagle no Instituto Royal, que desenvolve pesquisas de medicamentos e fármacos para diversas aplicações, trouxe à tona uma discussão antes reservada a algumas ONGs e uns poucos círculos científicos: a polêmica do uso de animais para testes de eficácia e segurança de remédios, vacinas e outras substâncias.
Entre opiniões pró e contra o uso de animais, é preciso ter clareza e separar os argumentos que estão por trás dessa polêmica, que envolve uma série de aspectos de ordem ética, ideológica, filosófica e científica, para além do modismo e senso de proteção distorcido de alguns intitulados ativistas.
É preciso deixar o sentimentalismo para abordar o valor científico
Não é novidade a análise de que na maioria das vezes a evolução social, moral e ética humana caminha em descompasso com a celeridade do avanço científico. Muitas discussões humanitárias do passado cada vez mais são recolocadas em relação aos animais. Mas é fácil se armar da dó de cachorrinhos e gatinhos e passar ao largo da discussão sobre o quanto eventualmente esses testes ajudaram (ou não) a produzir avanços na qualidade de vida do homem e dos próprios animais.
Conquanto seja senso comum condenar a inflição de dor ou o uso de crueldade em testes com os animais, é preciso trazer à cena o debate real e objetivo da necessidade desses testes. Há várias inciativas no mundo em busca de alternativas, mas ainda carece de comprovação científica a possibilidade de acabar com todo tipo de testes em toda a variedade de animais (e insetos!) em que são aplicados. É o caso de se deixar de tratar a questão do ponto de vista do sentimentalismo fácil e superficial para abordá-lo na essência de seu valor biológico, científico e humanitário, com foco na melhoria da qualidade de vida, com sustentabilidade e respeito à natureza em sua plenitude.
