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Renata Abreu: Um jeito feminino de fazer política

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Renata Abreu é deputada federal e presidente nacional do PTN / Foto: Divulgação

A primeira brasileira eleita presidente da República no Brasil acabou sendo afastada do cargo pelo Congresso Nacional no início do seu segundo mandato. Esse desenlace trágico reforçou o estigma machista contra as mulheres, especialmente na política. Mas eu acredito que Dilma Rousseff não caiu por ser mulher; ao contrário, ela caiu justamente por ter conduzido a política à maneira dos homens – fria, autoritária, corrupta e burocrática. Ora, os homens podem agir dessa forma porque dominam a política há séculos, mas as mulheres que trilham tal caminho geralmente se dão mal. Além de Dilma, podemos citar os exemplos das argentinas Isabelita Perón e Cristina Kirchner e da sul-coreana Park Geun-hye.

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Se se permitem usar uma metáfora, eu diria que os homens, em sua maioria, ainda vivem naquele mundo hobbesiano de todos contra todos, do “homem lobo do homem”, onde o principal instrumento é a guerra e do qual saem vitoriosos apenas os mais fortes. Como a mulher é mais fraca, pelo menos fisicamente, ela tem de rejeitar essa “seleção natural” machista na política se quiser conquistar vitórias. Ela precisa usar armas mais sofisticadas, como a diplomacia, a razão e o coração.

Há muitos exemplos históricos disso que estou falando. Evita Perón, por exemplo; pode-se discordar totalmente de suas posições políticas, mas não se pode negar seu imenso carisma, que conquistou grande as massas trabalhadoras sem precisar usar os tradicionais métodos masculinos. Michelle Obama, que muitos já veem como candidata à Casa Branca nas próximas eleições, também é outro exemplo, mais recente, de mulher que faz política de maneira feminina, sem recorrer aos vícios machistas.

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Modestamente, posso dizer que o nosso partido, o Partido Trabalhista Nacional (PTN), tem alguma contribuição a dar nessas novas práticas. Apesar de ser um dos partidos mais antigos do país (foi fundado em 1947, extinto pela ditadura e reconstruído em 1995), o PTN tinha uma bancada pequena, de apenas três deputados federais. Pelas regras não escritas da política vigente, pequenos partidos só conseguem crescer na base do dinheiro, da chicana e de troca de favores.

Mas nós conseguimos, por meio de muito debate e a discussão de um novo projeto político – o movimento Podemos, cujos eixos principais são a transparência, a participação e a democracia direta – atrair para nosso projeto parlamentares atuantes e progressistas, que estavam insatisfeitos com seus partidos. Hoje, o PTN já conta com 13 deputados federais engajados no projeto do Podemos. Sem falsas promessas ou troca-troca.

Acredito que é essa prática que a mulher precisa resgatar na política se quiser fazer a diferença. Nós não cresceremos se continuarmos a imitar os homens, gritando como eles, corrompendo como eles, guerreando como eles. Temos que usar “armas” mais sofisticadas, como a compreensão, o diálogo, o afeto, a solidariedade. Ou então estaremos reproduzindo todo o universo machista que tanto condenamos. E perdendo espaço para eles.

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*Renata Abreu é deputada federal e presidente nacional do PTN.