Dias 13 e 15 de março. Era para serem apenas duas datas no calendário. Mas estão virando uma batalha. Extensão de outra, travada no ano passado, em dois turnos. Uma batalha que, por si, levanta temores sobre o futuro de algo bem tangível, embora pareça pertencer ao campo das ideias: a democracia.
É espantoso que o desgosto da minoria tenha conseguido, em tão pouco tempo, sobrepor-se à verdadeira discussão que deveria estar em curso no momento. Como evitar que episódios como o escândalo do Metrô, da Sabesp, da Petrobras, Furnas, entre tantos outros, voltem a acontecer? A minoria teve sua opção eleitoral derrotada em outubro passado. E o desgosto é amplificado por interesses obscuros e visivelmente distorcidos por uma tendenciosa cobertura midiática – e não jornalística, diga-se.
A classe média resolveu personificar em Dilma e no PT toda sua revolta
A classe média não é o bicho papão; o vilão, que a esquerda aponta. Mas sempre espremida entre políticas que ora acentuam a riqueza dos mais ricos (como aconteceu no passado), e ora promovem o acesso dos mais pobres (como na história mais recente), essa classe média resolveu reclamar.
No processo, ela reverbera o mantra entoado por uma mídia amedrontada, a quem apavora a possibilidade de regulação e democratização do acesso aos meios. Então, resolveu personificar em Dilma e no PT toda sua revolta.
O governo Dilma, claro, como qualquer outro, tem defeitos. E muitas medidas erráticas deste início de segundo mandato colaboraram para o aumento da insatisfação. Mas a arena em que está se transformando a situação leva a uma condição preocupante. Além de colocar a investigação no patamar do embate político, não da produção de provas e correta apuração de ilícitos e malfeitos, nos afasta da rediscussão do processo político brasileiro.
Tira-nos uma oportunidade histórica de produzir soluções reais para problemas antigos e crônicos da política. E apenas acirra o ódio e desperta uma luta de classes que há tempos não se mostrava tão presente.
