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“Usam o trabalhador como se fosse descartável”

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Secretária diz que cidade tem projetos para amenizar problema / Foto: Francysco Souza
Secretária diz que cidade tem projetos para amenizar problema / Foto: Francysco Souza

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Leandro Conceição

Segundo levantamento do Observatório do Trabalho apresentado em seminário da Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Inclusão (SDTI), na quarta-feira, 18, Osasco fechou 2013 com uma taxa de rotatividade de 33,6% no mercado formal de trabalho. Ou seja, de cada dez empregados, mais de três passam por desligamento e admissão no posto de trabalho ao longo do ano.
É o menor índice da região. Barueri tem a maior taxa de rotatividade entre os oito municípios que fazem parte do Consórcio Intermunicipal da Região Oeste (Cioeste): 47,6%. A média nacional é de 43,4%.

Osasco tem menor índice de rotatividade da região

O diretor acadêmico da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Murilo Leal, ressaltou que “a rotatividade afeta a vida do trabalhador, da família, e o acesso a direitos trabalhistas, previdenciários”.
A secretária de Desenvolvimento, Trabalho e Inclusão de Osasco, Mônica Veloso, falou sobre o papel da administração municipal no combate à rotatividade: “Temos um trabalho forte no Portal do Trabalhador não só no sentido de captação da vaga, mas em buscar a vaga decente, que dê condições não só de trabalho, mas de benefícios, ascensão”.
Setores

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Seguindo tendência nacional, o recorde de rotatividade em Osasco acontece na construção civil, com indíce de 73,4%. O estudo avalia que a alta taxa pode estar associada “à própria dinâmica do setor, de determinação de prazos para execução de obras”.
No comércio osasquense a taxa de rotatividade ficou em 37,9%. Em seguida vem serviços, com 32,1%. “O estudo demonstra bem os desafios que a gente tem para o município”, afirma a secretária de Trabalho.
Edson Botelho, diretor do Sindicato dos Comerciários de Osasco e Região (Secor) destacou que “diversas empresas usam o trabalhador como se fosse descartável. Contrata, demite pouco tempo depois e contrata outra vez em pouco tempo”. Os participantes do seminário também ressaltaram que muitas vezes a demissão ocorre para a recontratação com salários menores.

Propostas

Como medidas para diminuir a rotatividade, o movimento sindical propõe alternativas como aumento da carga tributária nas empresas onde há altos índices do problema e a ratificação da convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que proíbe a demissão imotivada (sem justa causa).

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Quase 60% se desligam da empresa com menos de um ano

Em Osasco, 59,8% dos trabalhadores são demitidos ou se desligam da empresa com menos de um ano de contração, sendo que 26,9% não chegam a completar três meses no posto. Os dados são referentes a 2013 e fazem parte de estudo do Observatório do Trabalho de Osasco apresentado na quarta, 18.
Boa parte destes trabalhadores seriam afetados pelas medidas provisórias do governo federal que restringem o acesso a direitos trabalhistas. Pelas novas regras, criticadas no evento, o seguro desemprego, por exemplo, passa a ter carência de 18 meses de trabalho na primeira solicitação, 12 meses na segunda e seis meses a partir da terceira. O objetivo é economizar R$ 18 bilhões dos cofres públicos. “Deve-se taxar grandes fortunas, buscar outras maneiras, ao invés de retirar direitos dos trabalhadores no momento que mais precisam”, disse Padre Antônio de Souza, presidente do Dieese.
Em todo o país, de acordo com o Dieese, com as novas regras, mais 4,8 milhões de trabalhadores não poderiam acessar o seguro desemprego.

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