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Vidas secas

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Balde-color-(2)Leandro Conceição
O aumento de cortes no abastecimento de água traz drama à população. Moradores de diversos bairros reclamam de cortes frequentes no fornecimento. Áreas de Osasco, como na região do Jardim Conceição, onde vivem as pessoas dos relatos abaixo, chegaram a ficar seis dias sem água e tiveram protestos. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) diz que problemas são “pontuais”.

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“Tomar banho foi um alívio”
“A água chegou essa noite depois de cinco dias. Já estamos estocando nos tambores e baldes. Tomei banho hoje (quinta-feira, 17) depois de três dias. Tomar um banho foi um alívio, uma grande sensação de alegria. De resto, a gente usou uma reserva que tinha em baldes para alimentação e para beber. Se sobrasse, para higiene pessoal. Já faz um tempo que a falta de água frequente alterou nossa rotina. A gente toma banho sobre uma bacia, para reaproveitar a água depois, para dar descarga”.
Adler Cardoso, pintor

“Antes da eleição, era difícil faltar água”
“Na minha casa ficou dois dias direto sem água. Fora as interrupções frequentes no fornecimento. É horrível, sempre tem que ficar pedindo água para conhecidos, quando eles têm, o que também é difícil. É horrível viver uma situação como essa. Quando a água chega, guardamos em baldes, galões, porque é certo que logo vai faltar de novo. Entre as mudanças na rotina, guardamos a água com a qual lavamos a louça para lavar também a roupa. Foi só o [governador Geraldo] Alckmin (PSDB) ganhar a eleição e a água acabou”.
Jéssica da Silva Moreira, comerciante

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“Tive de aprender a gostar de água com gás”
Esta semana fiquei dois dias sem água para nada mesmo. Para beber, tive de aprender a gostar de água com gás, aqui do meu estabelecimento”.
Helena dos Santos, comerciante

Prefeito enviou ofício ao governador e à Sabesp
Prefeito enviou ofício ao governador e à Sabesp

Lapas cobra Alckmin, que nega racionamento

Nesta quinta, 16, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que a interrupção do abastecimento de água em diversas áreas do estado nos últimos dias ocorreu por problemas técnicos e que as falhas são “pontuais”. Alckmin nega que haja racionamento.

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A falta de água afeta 13,7 milhões de pessoas, em 68 municípios de São Paulo, fora a Capital, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.
Alckmin também refutou a declaração feita na quarta, 15, pela presidente da Sabesp, Dilma Pena, de que, com a falta de chuvas, o primeiro estoque do volume morto do Sistema Cantareira pode acabar em novembro. De acordo com o governador, “não tem data” prevista para até quando vai durar o abastecimento de água no sistema.

A Sabesp diz que ainda existem cerca de 40 bilhões de litros nos reservatórios do Cantareira, que abastece cerca de 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo. O nível dos reservatórios estava em 4,1% da capacidade nesta quinta.
Na quarta, o prefeito de Osasco, Jorge Lapas (PT), enviou ofícios para Geraldo Alckmin, e para Dilma Pena, cobrando explicações sobre a falta de água em Osasco. “Tenho recebido da população muitas manifestações de preocupação com os desdobramentos da crise hídrica e seus reflexos no esgotamento da capacidade dos reservatórios”, diz o prefeito.

A presidente da Sabesp, Dilma Pena, em CPI / Foto: Luiz Alberto França/Câmara Municipal de São Paulo
A presidente da Sabesp, Dilma Pena, em CPI / Foto: Luiz Alberto França/Câmara Municipal de São Paulo

Sabesp atribui aumento da crise ao calor

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Em depoimento esta semana na CPI da Câmara Municipal de São Paulo criada para apurar a crise da água, a presidente da Sabesp, Dilma Pena, atribuiu a piora no abastecimento nos últimos dias ao aumento da temperatura, que gera aumento de consumo. Com a alta no consumo, a pressão da água diminui, o que dificulta a vazão para regiões mais altas, explicou.
Criou polêmica o vazamento do áudio de uma conversa entre a presidente da Sabesp e o vereador Andrea Matarazzo (PSDB), coordenador da campanha do presidenciável Aécio Neves (PSDB) na Capital, sobre a CPI. Na gravação, ela minimiza a CPI denominando-a de “teatrinho”. Matarazzo chama um dos vereadores da comissão de “vagabundo”.