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Opinião: Eu a Covid e meu estado psicológico

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Por Sergio Alves de Azevedo*

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Antes de tudo, vou me apresentar: sou Sergio Alves de Azevedo, um administrador de empresas. Tenho toda minha vida profissional em Osasco, onde atuo há décadas na Construção Civil. Minhas únicas aulas de Psicologia ficaram no passado, de psicologia aplicada à minha profissão. Sempre fui um privilegiado, convivendo com grandes mestres.

Mas enfim chegou meu dia de contaminação por essa maldita doença e, logicamente, passei a conviver com o medo, uma insegurança jamais vivida nos meus 65 anos de vida.

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Com o resultado positivo, minha preocupação maior passou a ser com a possível contaminação de familiares. Fui para o isolamento e até o décimo dia, nenhum sintoma mais sério. Porém, neste dia surgiu uma febre e sabia que isso não era bom. No mesmo dia perdi um grande amigo para a doença: o Chiquinho, amigo de futebol, companheiro de diretoria de clube, onde atuávamos como voluntários e ele era nosso presidente. A insegurança bateu forte – GENTE BOA TAMBÉM MORRE.

Chorei sozinho daqui do isolamento e comecei a lutar pra não me desesperar. Como companheiro meu travesseiro e mais uma noite se vai. Acordei bem, febre sob controle e ai, nos grupos de WhatsApp, mais homenagens, agora ao Eduardo, da Casa São Pedro, que pouco conheci, mas temos muitos amigos em comum.

Muitos detalhes da trajetória do profissional e homem e não tive como não pensar em como seriam os comentários sobre minha vida em Osasco. Como seria lembrado? Por quantos dias? Neste dia, não tive como não pensar negativamente; comecei a brigar pra espantar o negativo de minha mente.

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Decidi me desligar. Se já não via TV aberta e suas notícias assassinas, comecei a questionar também as divulgadas nas redes sociais. No Facebook, só gente anunciando mortes; no Instagram, nada diferente. As pessoas postam as notícias e as homenagens. Ninguém faz por mal, apenas não têm noção do quão nocivas são essas informações quando chegam a alguém na solidão, isolado de tudo e todos, preocupado com a própria vida.

Hoje, 18° dia, 22:00 horas, decidi registrar esse calvário e, ao mesmo tempo, o que fazer pra tentar amenizar o sofrimento de outras pessoas em situação idêntica à que estou vivendo. Sou um privilegiado, Deus gosta muito de mim. Muitos amigos estão neste momento em oração pela minha recuperação. Estou vencendo a doença sem sintomas graves. Fui tratado por bons médicos e no conforto da minha casa.

Fiz exames e, embora possua anticorpos para a doença, os resultados mostram, também, que ainda estou transmitindo a Covid. Amanhã espero por novas boas notícias.

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E meu propósito, ao voltar à vida normal – desde que os exames me permitam – será de COMBATER NOTICIAS NEGATIVAS. Aliás, essa teria que ser a preocupação da grande mídia. Ouvi dos médicos que 90% dos contaminados entram e saem da doença com um tratamento mínimo, alguns nem de remédio precisam. ISSO NUNCA FOI EVIDENCIADO NA IMPRENSA. Porque não é notícia? Seria por não vender? Ou a intenção seria divulgar o pior mesmo?

Poucos veículos divulgam o número de curados. Será que divulgar o número total de DOENTES E MORTES desde o início da pandemia faz bem às pessoas?

Então convoco a todos para uma reflexão sobre a forma como as notícias têm chegado a cada um de nós. É importante saber que, em algum lugar, haverá um ser humano, sensível a tudo isso, esperando apenas por algo positivo a que possa se agarrar. Esse alento pode representar A VIDA sob ameaça.

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Que possamos pensar um pouco mais antes de postar qualquer notícia que, dado sua ofensividade, repito, mesmo sem a intenção do autor, fará grande mal a alguém que, como eu, luta neste momento pra receber notícias positivas.

*Sergio Alves de Azevedo é administrador de empresas e diretor da FAAL Incorporadora

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