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Alvo de operação da PF, padre de Osasco nega envolvimento em plano golpista

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Padre José Eduardo, da diocese de Osasco /Foto: Reprodução

O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, usou as redes sociais para manifestar-se a respeito da operação da Polícia Federal, deflagrada nesta manhã (8), na qual ele é um dos alvos por suspeita de integrar grupo investigado pela tentativa de golpe de Estado.

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Segundo a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação, o padre de Osasco é suspeito de integrar o núcleo jurídico do esquema e teria participado de uma reunião no Palácio do Planalto, em novembro de 2022, com Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro, e Amauri Feres Saad, advogado apontado como o redator da minuta golpista que previa a prisão de ministros do STF, do presidente do Senado e a convocação de novas eleições.

Em nota publicada no Instagram, o padre José Eduardo afirma que costuma atender diversas pessoas em seu exercício sacerdotal. “Sou chamado para auxílio espiritual não apenas dos frequentadores de minha paróquia, mas também de todos aqueles de alhures que espontaneamente me procuram com assuntos dos mais variados temas. Como é meu dever, preservo a privacidade de todos eles, visto que os dilemas que me apresentam são sempre de foro interno”, justifica.

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Com relação ao inquérito que investiga os atos antidemocráticos, o padre afirma ter uma posição “clara e inequívoca” de que “a República é laica e regida pelos preceitos constitucionais que devem ser respeitados. Romper com a ordem estabelecida seria profundamente contrário aos meus princípios. […] Portanto, não cooperei nem endossei qualquer ato disruptivo da Constituição”.

Ele afirmou que ainda não teve acesso aos autos, mas diz se colocar à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos. “Espero que tudo seja esclarecido o mais rápido possível. Estou em oração, especialmente pela justiça brasileira, para que Deus conduza sempre. Que Ele abençoe a todos”, finaliza a nota.

O padre de Osasco recebeu hoje a visita de agentes da Polícia Federal, que cumpriram um mandado de busca e apreensão de seu passaporte, celular e computador.

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Leia a nota publicada pelo padre na íntegra:

“NOTA DE ESCLARESCIMENTO

Para tranquilizar os fiéis, os amigos e o público em geral, que demonstrou preocupação pela notícia veiculada no noticiário nacional, indicando ter havido busca e apreensão em minha residência, venho a público esclarecer o que segue.

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Agradeço, primeiramente, pelas diversas manifestações de carinho e preocupação, sobretudo pelas orações.

Na manhã do dia 8 de fevereiro, recebi a visita de agentes da Polícia Federal na Igreja onde resido e celebro diariamente a Santa Missa, apresentando-me mandato de busca e apreensão de meu passaporte, celular e computador; mandado este expedido nas investigações do ‘inquérito dos atos antidemocráticos’.

Esclareço que os policiais foram extremamente respeitosos e técnicos, explicando-me que estavam cumprindo ordens. Agradeço à Polícia Federal pelo respeito e decoro com que me trataram e também aos meus pertences.

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Como é de conhecimento de todos, sou padre e professor universitário, dedico minha vida ao exercício do sacerdócio e do magistério, especialmente nas áreas de filosofia e teologia, na qual sou doutor.

Como sacerdote católico, tenho a vida voltada para o entendimento ao público em geral. Sou pároco de uma igreja na periferia de São Paulo, na cidade de Osasco, e, no último dia 4 de fevereiro completei 18 anos de ministério sacerdotal.

Desde minha ordenação, minha atividade ministerial sempre foi desempenhada dentro dos limites previstos para o exercício do sacerdócio: administração dos sacramentos, pregação, atendimento de confissão e direção espiritual, oração benção para aqueles que precisam de auxílio.,

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Como padre católico, atendo diversas pessoas. Sou chamado para auxílio espiritual não apenas dos frequentadores de minha paróquia, mas também de todos aqueles de alhures que espontaneamente me procuram com assuntos dos mais variados temas. Como é meu dever, preservo a privacidade de todos eles, visto que os dilemas que me apresentam são sempre de foro interno.

Em relação ao referido ‘inquérito dos atos antidemocráticos’, minha posição sobre o assunto é clara e inequívoca: a República é laica e regida pelos preceitos constitucionais que devem ser respeitados. Romper com a ordem estabelecida seria profundamente contrário aos meus princípios. abaixo de Deus, em osso país, está a Constituição. Portanto, não cooperei nem endossei qualquer ato disruptivo da Constituição. Como professor de teologia moral, sempre ensinei que a lei positiva deve ser obedecida pelos fiéis, dentre os quais humildemente me incluo.

Estou inteiramente à disposição da justiça brasileira para qualquer eventual esclarecimento, recordando o dever de toda a sociedade de combater qualquer tipo de intolerância religiosa.

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A única missão na minha vida é o meu trabalho sacerdotal. Por isso, preciso de um ‘tradutor’ que me faça compreender os passos jurídicos decorrentes desta inusitada e inesperada situação e que me ajude a entender com precisão os pedidos do Poder Judiciário.

Por isso, constituo meu tradutor o Dr. Miguel da Costa Carvalho Vidigal, advogado, que saberá dar respostas jurídicas pertinentes ao assunto. Ainda não obtivemos acesso aos autos, o qual esperamos obter nos próximos dias.

Como sacerdote, pretendo continuar meu ofício religioso, portanto, toda e qualquer comunicação sobre o assunto pode ser direcionada diretamente ao meu ‘tradutor’.

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Espero que tudo seja esclarecido o mais rápido possível. Estou em oração, especialmente pela justiça brasileira, para que Deus os conduza sempre. Que Ele abençoe a todos!”