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Osasco perde Antonio Roberto Espinosa, um dos grandes ativistas de sua história

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Espinosa
Foto: Eduardo Metroviche/arquivo/Visão Oeste

O jornalista, professor e ativista político osasquense Antonio Roberto Espinosa morreu na tarde desta terça-feira (25), aos 72 anos, vítima de um câncer no pulmão. O corpo dele está sendo velado na Sala Osasco (anexa à Prefeitura) e será cremado na tarde de hoje (26), no Crematório Bosque da Paz, em Vargem Grande.

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Espinosa foi um dos idealizadores da histórica greve da Cobrasma, em 1968, em Osasco, uma das primeiras mobilizações de enfrentamento à ditadura militar, e fez parte da luta armada contra o regime, como dirigente na VPR e na VAR-Palmares. Foi preso e torturado.
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No jornalismo, foi diretor na editora Abril e fundou o jornal “Primeira Hora”, que foi um dos principais jornais da história de Osasco. Ele também foi professor adjunto do curso de Relações Internacionais da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios, no campus Osasco da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Diversas personalidades políticas e sindicais de Osasco e região manifestaram pesar pela morte de Espinosa, que deixa duas filhas.

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“Lamentamos a morte do companheiro Espinosa, ocorrida na tarde de terça-feira, 25, em Osasco. Espinosa nos deixa num momento em que o Brasil vive as consequências de mais um golpe, num período eleitoral marcado pela divisão de projetos de país, que desfruta de uma Democracia ainda em transformação, mas para qual ele teve papel fundamental em ajudar a construir. Espinosa, presente, na luta, sempre!”, declarou o Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, responsável pela histórica greve de 1968 em Osasco – leia a íntegra da nota abaixo.

Em entrevista ao Visão Oeste em 2014, Espinosa lembrou da luta contra a ditadura e declarou: “tenho pena dos torturadores, são subumanos”.

 

Esse vídeo foi postado no grupo de WhatsApp formado pela Júlia, a fim de dar notícias de seu pai. É um dos últimos registros do nosso amigo Espinosa. Foi gravado no dia 17 de setembro, no Instituto Zequinha Barreto, em uma solenidade em memória aos 50 anos do assassinato de Carlos Lamarca e Zequinha, pelos órgãos de repressão da ditadura militar.

A participação de Espinosa é impressionante, porque, mesmo estando com dificuldades imensas para respirar, fez questão de dar seu depoimento, como testemunha atuante da História.

Hasta la vista, Comandante Léo Bento!

Publicado por Dea Conti em Terça-feira, 25 de setembro de 2018

Nota de pesar do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região:

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Lamentamos a morte do companheiro Espinosa, ocorrida na tarde de terça-feira, 25, em Osasco. Nos últimos meses de vida, Espinosa travou mais uma luta, contra um câncer. Foi bravo e resistente, como ao longo de toda sua vida.

O compromisso com a memória da luta dos trabalhadores, enquanto legado para que aprendamos com ela, nos aproximou ainda mais nos últimos anos. E Espinosa tinha muito a nos contar: ainda estudante, foi operário da Cobrasma, em Osasco, e membro do Grupo de Esquerda, um dos articuladores da Greve, que, em 1968, parou a maior fábrica da cidade, a Cobrasma, e se alastrou envolvendo trabalhadores de empresas como Lonaflex, Barreto Keller, ABB, Fósforos Granada, Braseixos, entre outras.

A repressão que acabou com a greve não o intimidou, alimentou a indignação que lhe era característica. Partiu para a luta armada, na VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) e VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares), em busca de vencer o arbítrio da ditadura militar. Foi preso, por quatro longos anos, sofrendo com a tortura e vendo tombar muitos de seus companheiros de luta. Lembrava e cobrava que todos lembrassem Zequinha Barreto, Lamarca, João Domingues, Dorival Ferreira, Chael, Dora e tantos outros assassinados pela ditadura, para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça. Tanto é que juntos a outros companheiros, fizemos parte da Comissão Municipal da Verdade de Osasco e acabamos de realizar as comemorações dos 50 anos da Greve de Osasco.

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Fez do Jornalismo também um meio de militância. Fundou, em Osasco, o Primeira Hora, que fez história com suas reportagens. Ao mesmo tempo, tornou-se professor de Relações Internacionais, formando gerações. Atualmente dava aula no campus Osasco da Unifesp (Universidade Federação de São Paulo).

Deixa duas filhas e uma legião de companheiros e companheiras, como nós, que compartilhamos de seus ideais de liberdade e Democracia. Espinosa nos deixa num momento em que o Brasil vive as consequências de mais um golpe, num período eleitoral marcado pela divisão de projetos de país, que desfruta de uma Democracia ainda em transformação, mas para qual ele teve papel fundamental em ajudar a construir. Espinosa, presente, na luta, sempre!

Diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região

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