“Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor”. Foi com a frase do educador e filósofo brasileiro, Paulo Freire, que o estudante do terceiro ano do ensino médio, Daniel de Souza lima, de 18 anos, embasou seu argumento.

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Ele e mais cerca de 40 alunos participam da ocupação na escola estadual Estudante Henrique Fernando Gomes, no Jardim Maria Helena, em Barueri, que completa uma semana nesta sexta-feira, 18.

Essa é a primeira escola a ser ocupada na região contra a PEC 55, que tramita no Senado e prevê o congelamento dos gastos públicos pelos próximos 20 anos; e também combate a MP do Ensino Médio, cuja principal polêmica é a não obrigatoriedade no currículo de matérias como sociologia, filosofia, artes e educação física.

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“Não apoiamos porque essas matérias ajudam a gente a formar nosso senso crítico”, afirma Naira de Almeida, de 17 anos, aluna do terceiro ano.

Moradores do bairro e estudantes do primeiro ano do ensino médio do colégio, os irmãos Gabriela e Gabriel Eleutério, ambos de 16 anos, participam do movimento estudantil à revelia dos pais. “Eles não apoiam porque não conhecem”, conta Gabriela.

“A gente está aqui pra lutar pelos nossos direitos, não estamos aqui pra bagunça”, diz Gabriel.

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O histórico do movimento de alunos da escola inclui uma ocupação que ocorreu no ano passado, quando o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) propôs a reforma do ensino que previa o fechamento de escolas.

“Estive na primeira ocupação e, de lá pra cá, eu aprendi muito mais do que dentro da sala de aula”, declarou Daniel. “A minha visão de como deve ser o ensino mudou, eu acredito em um ensino sem opressão, libertário”.

Reação à Ocupação

15034223_1271255636249216_1077129830_oDe acordo com Daniel, em apenas dois dias de ocupação, já ocorreram alguns casos em reação ao movimento de estudantes.

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“As pessoas que moram em volta da escola não aprovam, direto vêm pais de alunos nos xingar e chamar a gente de alienado”, conta. Segundo ele, “arremessaram uma bomba de fora da escola”. A unidade é bastante aberta e rodeada por poucas casas e condomínios em uma área afastada.

Organização

15039471_1212449635488974_5632139317449855918_oDentro da escola, uma rotina de atividades foi montada através de assembleia feita pelos estudantes. Eles se dividem em turmas, cada uma com uma função.

A “turma Angela Davis”, por exemplo, é responsável pela alimentação. Já a “turma estudante Edson Luíz” ficou com a agitação cultural e propaganda.

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“A gente se dividiu em turmas pra não virar bagunça. Ao contrário do que dizem lá fora, não somos vagabundos, não estamos aqui pra brincadeira”, afirma Gabriela. Além das tarefas obrigatórias, são realizadas assembleias, oficinas culturais e palestras com pessoas convidadas para falar sobre assuntos como política, hip-hop, história, entre outros assuntos.

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