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“A gente não matou ninguém”, diz mulher que entregou marmitas a moradores de rua mortos em Itapevi

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“A comida não estava envenenada", garantiu Agda, que preparou os alimentos, em entrevista ao "Brasil Urgente"

“Na hora em que eu vi a reportagem… Quando eu vi o carro, falei: ‘eu vou lá [na delegacia], é o meu carro, espera aí… A gente não matou ninguém!’. A declaração é de Agda Lopes Casimiro, que fez as marmitas entregues a moradores de rua que morreram horas depois de comerem, na madrugada de quarta-feira (22), em Itapevi.

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Voluntária há anos em ações sociais, Agda se apresentou espontaneamente à Polícia Civil para prestar esclarecimentos e falou sobre o caso em entrevista ao “Brasil Urgente”, da Band. “Eu falo para você: a comida não estava envenenada porque fui eu que fiz. E saiu direto da cozinha da igreja para as ruas de Itapevi”, afirmou.

De acordo com ela, na mesma noite foram distribuídas 50 marmitas. Agda, familiares e outros voluntários da igreja comeram os mesmos alimentos, declarou ao “Brasil Urgente” (assista abaixo). “Os meus netos comem, a minha filha come. Inclusive o meu marido levou como marmita para o trabalho dele”.

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Imagens de uma câmera de segurança do posto de combustíveis desativado onde estavam os moradores de rua registram o momento em que um grupo, em dois carros e distribui as marmitas, na noite de terça. Os voluntários ficaram por cerca de dez minutos no local, conversando com as pessoas que receberam a comida. Horas depois, dois moradores de rua que consumiram os alimentos passaram mal e morreram.

A polícia suspeita de que foi colocado o veneno conhecido como chumbinho na comida e aguarda o resultado de exames toxicológicos. Se for confirmada a tese de que os alimentos foram envenenados, a investigação vai tentar desvendar em que momento, e por quem, o veneno foi colocado nas marmitas.

Além das mortes de Vagner Gouveia de Oliveira, de 37 anos, e de José Luiz de Araújo Conceição, de 61 anos, outras duas pessoas que consumiram as marmitas passaram mal e estão internadas em hospitais: um menino de 11 anos e uma adolescente de 17. Um cachorro que comeu da mesma comida também morreu.

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O caso pode levar a uma redução na distribuição de alimentos a moradores de rua por voluntários que atuam em Itapevi e região, seja pelo temor de se envolver em um caso semelhante ou pelo receio quanto à recepção dos beneficiados pelas doações.

“Coletivos parceiros que atuam na região de Itapevi nos informaram que terão de suspender atividades programadas que aconteceriam nos próximos dias na cidade. Para nós, como grupo, e para nossos voluntários, o sentimento que fica é o de incerteza sobre a reação da população de rua de Itapevi quando retornarmos na região para realizar ações”, diz o coordenador geral do GAS Osasco, Raphael Magalhães.

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