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Conseguimos ser felizes sem curtidas?

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instagram curtidas

Por Bruno Sindona*

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Recentemente o Instagram removeu a visualização do número de curtidas das fotos. Aguardei um tempo para escrever sobre isso, justamente para fugir dos ânimos mais exaltados. Só o fato de existirem, já prova o quanto as mídias sociais afetam nossas vidas.

Mesmo que ainda em fase de teste, creio que esta mudança deva ter causado milhões de sensações de alívio por aí. Postar uma foto estava sendo muito mais uma provação do que um compartilhamento de momentos ou experiências.

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A ideia da ferramenta é justamente dar liberdade para que as pessoas produzam conteúdo sem a obrigação de agradarem instantaneamente. A dependência desta falsa sensação de aprovação condicionava as pessoas a produzirem apenas o que geravam curtidas. Sem contar que ninguém sabe ao certo como funciona o famoso algoritmo de exposição do conteúdo. Isso tudo gerava uma sensação de ansiedade, que antecedia uma sensação de frustração. Ou falsa felicidade, que já era rapidamente substituída pela ansiedade da próxima foto.

Uma recente pesquisa inglesa diagnosticou que 63% dos jovens que utilizam o Instagram sentem que a ferramenta é nociva para a sua felicidade. Já 91% dos jovens que usam FaceTime declaram que a ferramenta os deixa mais felizes.

Podemos tirar muitas conclusões desses dados. As redes sociais, se usadas com a finalidade correta — ou seja, de aproximar as pessoas e gerar conexões reais, embora digitais — são sim uma maravilha dos tempos modernos. Mas como tudo que é novo, precisa-se aprender a usar.

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É impossível para nós, pobres mortais, competirmos com todo o arsenal profissional dos influenciadores. Há uma falsa impressão de proximidade e normalidade, que faz parecer que qualquer um poderia ter aquela beleza ou aquele momento de pôr-do-sol perfeito, na praia perfeita, com o drink perfeito em uma segunda-feira, às 14h. Como não se frustrar ao ver dezenas de postagens dessas enquanto você está no seu escritório, no trânsito ou trocando a fralda do seu bebê? A competição é injusta e a comparação cruel.

Nós sempre tivemos a necessidade de aprovação. Em um passado recente, era comum após uma viagem convidar os amigos e parentes para verem as fotos. Ou levar o carro novo para que eles dessem uma volta. O que mudou de lá para cá foi a velocidade dessa exposição e aprovação ou reprovação.

Acredito que a remoção das curtidas venha a diminuir a velocidade da crítica e deixe as pessoas menos ansiosas. A avaliação digital vai continuar, talvez agora mais empírica e não tão instantânea e numérica.

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“A cada bela impressão que causamos conquistamos um inimigo. Para ser popular, é indispensável ser medíocre.” Oscar Wilde.

Bruno Sindona é CEO da Sindona Incorporadora

 

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