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Sergio Ribeiro diz que integração de Carapicuíba e região será uma de suas prioridades como deputado estadual

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Ex-prefeito de Carapicuíba, Sergio Ribeiro (PT) é candidato a deputado estadual nesta eleição e coloca a integração regional como uma de suas prioridades de trabalho na Assembleia Legislativa.

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“Precisamos ter mais força política para além de buscar recursos, para fazer parte das decisões políticas do estado. É preciso articular grandes intervenções que beneficiem toda a região. Quero ser um representante desse conjunto de cidades”, afirma, em entrevista ao Visão Oeste.

Ele aponta mobilidade, políticas de geração de emprego e renda e soluções para o problema do descarte de lixo como alguns dos temas mais urgentes da região. “Se nós tivermos uma solução para o problema do lixo, sobram R$ milhões para a Saúde. Uma coisa está ligada a outra e são questões que têm de ser resolvidas conjuntamente”, avalia Sergio Ribeiro.

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O petista declara ainda defender a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos pedágios no estado, para examinar os contratos e se há a possibilidade de redução nos preços cobrados.

Sobre sua gestão como prefeito de Carapicuíba, Sergio Ribeiro destaca que “a cidade passou a ter cara de cidade”. “Por que? Ela passou a ter as coisas que uma cidade tem e ela não tinha antes. Para uma cidade ser cidade, ela não tem que ter Cartório de Registro de Imóveis? Carapicuíba não tinha. Não tinha Guarda Municipal, passou a ter. Não tinha Bom Prato, Poupatempo, Central de Atendimento ao Cidadão, Centro Administrativo, Marco Zero… e tudo isso passou a ter”, defende.

Ele diz ainda que como deputado estadual pretende manter uma boa relação com o atual prefeito carapicuibano, Marcos Neves (PV), independentemente de divergências políticas ou partidárias.

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“A eleição acaba no dia da eleição. No outro dia quero trabalhar pela cidade. Não quero saber o partido do prefeito, governador, presidente. Onde tiver recursos para Carapicuíba, eu vou bater na porta para buscar”, diz o candidato a deputado estadual.

Sergio Ribeiro faz ainda uma análise sobre as disputas pela presidência e o governo do estado. Confira a entrevista completa:

Visão Oeste: Quais os principais projetos e bandeiras que vai defender caso seja eleito deputado estadual?

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Sergio Ribeiro: A principal é a integração política e administrativa da região Oeste. Sempre defendi a tese de que nossa região é um gigante econômico e financeiro, mas ainda é um nanico político. Precisamos ter mais força política para além de buscar recursos, para fazer parte das decisões políticas do estado. Vejo a região de Osasco ausente dos grandes debates no estado, influindo pouco nas decisões do estado. É não é uma coisa só minha, é um trabalho junto com os prefeitos, com os demais deputados eleitos, para podermos apresentar projetos, mais do que aquela coisa de buscar emenda, de trazer um pequeno recurso, o que é importante também, mas é preciso articular grandes intervenções que beneficiem toda a região. Quero ser um representante desse conjunto de cidades do Cioeste (Consórcio Intermunicipal da Região Oeste), que é o consórcio que tem o maior PIB do Brasil.

Como essa falta de força política, de representatividade, o fato de a região ser um ‘nanico político’, como o senhor definiu, reflete no dia a dia da população da região?

Um exemplo: o governo do estado decidiu fazer um investimento de R$ 500 milhões no Corredor Oeste e nenhum prefeito nem deputado estadual foi consultado. Eu teria defendido que tivesse gastado metade desse dinheiro para reformular, modernizar, as linhas de trem da CPTM da nossa região, porque o Corredor Oeste está paralelo à linha do trem. Então, se nós tivéssemos trens da CPTM com a qualidade do Metrô, se gastaria menos, o impacto seria menor. Mas isso era uma decisão política que precisava ser tomada.
Precisamos articular as forças políticas da nossa região para que nenhuma decisão política seja tomada sem diálogo conosco, da região. Hoje o estado toma as decisões dele pra lá, intervém na nossa região, e a gente só assiste. É uma coisa lamentável.
Na Segurança, temos de integrar as forças de segurança no estado. Fui o prefeito que criou a Guarda Municipal para melhorar a segurança em Carapicuíba; do estado, tem a Polícia Civil e a Polícia Militar, e precisa integrar a comunicação. É preciso criar um sistema integrado de informação com dados das polícias e das GCMs da região.
São Paulo tem o Bilhete Único. Na região, precisa ter um Bilhete Metropolitano. Muita gente deixa de contratar pessoas de Carapicuíba porque o custo de transporte é caro. Se tiver o Bilhete Metropolitano, o custo de transporte deixaria de ser um impedimento para se contratar um funcionário. Então, você integra as pessoas.
Quero trabalhar na Assembleia Legislativa para que haja uma Autoridade Metropolitana para articular ações em conjunto entre o estado e municípios, não só aqui na região Oeste, mas em todo o estado.

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Nesta busca pela integração, quais as áreas que considera prioritárias?

Mobilidade urbana. E o primeiro projeto que nós temos que colocar em prática, que a CCR até topa fazer, que é a continuidade da duplicação da Marginal pedagiada; o trevo de Osasco, tem que mudar a entrada para o lado direito; o trevo de Carapicuíba, remover os pilares que estão ali sobre a sustentação da Castelo Branco; a entrada do Alphaville; e fazer a entrada lá no Cururuquara, lá em Santana de Parnaíba, para ligar com Araçariguama, para desenvolver aquela região.
Todo esse conjunto de obras custaria R$ 1,2 bilhão. Esse R$ 1,2 bilhão sai da concessionária se o governo prorrogar o contrato, que é de 25 anos, para 30 anos. Então, a própria iniciativa privada suporta isso. O estado fica estudando, estudando, estudando… e isso já poderia ter sido destravado.
Outra questão prioritária é o lixo. Nós temos que resolver o problema do lixo. Não dá para as prefeituras ficarem gastando tanto dinheiro. O cidadão não tem ideia do tanto de dinheiro que gasta [com a destinação do lixo]. Osasco mesmo está com um pepino enorme, pagando multa, uma confusão… Não quero nem entrar nessa polêmica, mas é uma questão complicada.
Carapicuíba, Barueri, todos os municípios gastam muito dinheiro com o problema do lixo.
E o que é a Sabesp? A maior empresa de saneamento ambiental do planeta. E ela não tem que se preocupar só com água e esgoto. Ela tem que se preocupar com água, esgoto e destino final dos resíduos sólidos. A Sabesp tem que entrar na questão da destinação dos resídios sólidos, buscar soluções. A Sabesp tem expertise, tem recursos, tem pessoal qualificado para atuar nessa questão.
E se nós tivermos uma solução para o problema do lixo, sobram R$ milhões para a Saúde. Uma coisa está ligada a outra e são questões que têm de ser resolvidas conjuntamente.
O estado tem que ter um papel ativo, liderar, organizar as prefeituras, e deixar de ficar empurrando tudo para os municípios.
Outro tema importantíssimo são os arranjos produtivos locais, identificar as tendências locais e o que pode ser potencializado. Inclusive ajudando a decidir que cursos a Fatec e a Etec têm que oferecer, junto aos empresários e aos sindicatos, aqueles que estão aqui atuando junto à mão-de-obra local. O governo do estado faz pouco e pode fazer muito mais na questão do emprego.

Na mobilidade, com essa contrapartida de R$ 1,2 bilhão em obras na região, você apoiaria a prorrogação do contrato de pedágios. Tem candidato ao governo que fala em reduzir os preços ou até acabar com os pedágios. Luiz Marinho, do seu partido, o PT, defendeu a redução das tarifas. Como ficaria essa questão?

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Minha proposta é a seguinte: defendo uma CPI dos pedágios. É que esse nome é feio, virou uma espécie de palavrão no Brasil, mas o que é uma CPI? É uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que não é só para apurar corrupção, bandalheira. Se monta uma comissão e analisa contrato por contrato com as concessionárias. Aí nós vamos ver a lucratividade, o serviço prestado, alguns contratos são antigos, de quando a inflação era muito alta, e nós temos que redefinir. Todo contrato tem a possibilidade de realinhamento, que pode ser para cima ou para baixo. Sempre vão realinhando para cima, mas pode ser para baixo também.
Eu não sou contra o pedágio. Por que? Porque quando não tinha pedágio, tinha buraco, e ninguém quer buraco. O que não pode é o preço abusivo do pedágio.
O PT, ao meu ver, errou ao ficar falando a vida inteira contra o pedágio. As pessoas não são contra o pedágio, são contra os preços abusivos. Não adianta nada não ter pedágio e estourar seu pneu num buraco, não ter assistência, não ter nada na rodovia. Ter um pedágio com um preço justo, tudo bem.
Quero ser deputado estadual para levar esses temas à população, fazer a população se apropriar desse debate.

Quais considera as principais realizações de seus mandatos como prefeito de Carapicuíba?

Foram muitas. Se eu pudesse resumir em uma, é que a cidade passou a ter cara de cidade a partir da nossa gestão. Por que? Ela passou a ter as coisas que uma cidade tem e ela não tinha antes. Para uma cidade ser cidade, ela não tem que ter Cartório de Registro de Imóveis? Carapicuíba não tinha. Não tinha Guarda Municipal, passou a ter. Não tinha Bom Prato, Poupatempo, Central de Atendimento ao Cidadão, Centro Administrativo, Marco Zero… e tudo isso passou a ter.
A cidade também não tinha sinalização viária, não tinha uma placa em Carapicuíba. Eu que coloquei. Não tinha uniforme escolar, kit escolar, transporte escolar. Eu que implantei tudo isso. Foi a cidade que mais cresceu no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), uma das que mais investiu em Educação no Brasil.
Além disso, passei de mil para 6 mil vagas em creches; recapeei todas as principais ruas e avenidas da cidade.
Tenho só um grande adversário em Carapicuíba. Sabe qual é? O desconhecimento sobre o que aconteceu, porque a cidade.

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E por que as pessoas desconhecem essas realizações?

Existe um tempo. Quando me elegi prefeito, há dez anos atrás… quem tem 20 anos hoje, naquela época tinha 10. Ela não conhecia a realidade da cidade. É o que acontece em relação ao Lula… Você pode ver, os mais ácidos e críticos ao Lula são das parcelas mais jovens. As pessoas não têm muito uma comparação de como que era antes.
Quando eu estou falando que nós fizemos tudo isso, não significa que Carapicuíba ficou uma maravilha. É que as dificuldades da cidade eram imensas. Então, melhorou bastante, mas ainda há uma percepção de que falta muito. Até por conta disso sou candidato a deputado estadual. A cidade quer mais e eu posso lutar por mais para a cidade.

Parte das realizações que citou são questões relacionadas ao governo do estado, com Geraldo Alckmin (PSDB) na maior parte do tempo. Como foi sua relação com ele, em meio as divergências partidárias?

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Foi uma boa relação, como pretendo que seja a minha com o prefeito (Marcos Neves, do PV) se eu for eleito deputado estadual. A eleição acaba no dia da eleição. No outro dia quero trabalhar pela cidade. Não quero saber o partido do prefeito, governador, presidente. Onde tiver recursos para Carapicuíba, eu vou bater na porta para buscar.

Como avalia a gestão do prefeito Marcos Neves (PV) em Carapicuíba?

Tenho pouco tempo para acompanhar. Tenho acompanhado pouco, estou correndo na campanha, andando o estado.

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Mas a campanha começou recentemente, já tem mais de um ano e meio de governo.

Então, o primeiro ano… A gente tem que esperar, ver a marca do prefeito. Cada um tem um jeito de fazer. Tem gente que fala ‘ah, o prefeito está mal, não sei o que…”. A opinião que vale é a do povo e o povo vai dizer nas urnas se está bom ou se está mal. Vamos ver a votação dos candidatos dele agora, a votação dos candidatos adversários. Isso que vai mostrar.

Pensa em voltar a ser candidato a prefeito em 2020?

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O Tancredo Neves falava que disputar a eleição não é vontade, é destino. Ninguém é candidato de si próprio… Se um conjunto de forças acharem lá na frente que sim, você sai candidato. Se não…
O sonho eu já realizei, de ser prefeito de Carapicuíba. Deus me proporcionou, o povo votou e eu fui prefeito duas vezes. Agora estou bastante empolgado com o projeto de ser deputado. Até 2020 ainda tem muita coisa para acontecer, está distante.

O PT tem o senhor e o ex-prefeito de Osasco, Emidio de Souza, como os candidatos a deputado estadual mais fortes na região. É possível eleger os dois?

Acho que elege. O Emidio tem um grande trabalho, foi um excelente prefeito de Osasco, está fazendo um grande trabalho e tem grandes condições de se eleger. E a eleição para deputado, vale votos do estado inteiro. Eu mesmo tenho grupos de apoio em Ribeirão Preto, Franca, São Bernardo, Santo André. Eleição é no estado inteiro e, como eu tenho, o Emidio também terá votos no estado inteiro.

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Como avalia o atual cenário da disputa pelo governo do estado?

Acredito que o [Fernando] Haddad (candidato do PT à presidência) pode chegar aos 25% dos votos no estado e historicamente o candidato a governador pelo PT tem entre 75% e 83% dos votos do nosso candidato a presidente. Se o Haddad chegar nos 25%, o [Luiz] Marinho (candidato petista ao governo) pode ter perto de 20%.
Aí vamos ver como fica: tem o [João] Doria (PSDB), o Márcio França (PSB) está crescendo… Acredito que quem parte para o segundo turno hoje é o [Paulo] Skaf (MDB) e a outra vaga está aberta, pode ser o Marinho.

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E como avalia o fenômeno Bolsonaro?

É um conjunto de fatores. Tem uma turma que vota no Bolsonaro fundamentalmente por uma questão de comportamento, não tem nada na economia, na situação econômica do Brasil. Tem uma coisa impressionante: o maior problema do Brasil é o desemprego, e não está nem na pauta do debate desta eleição. A pauta no debate desta eleição… eu vou nas reuniões e falo: ‘gente, o problema no Brasil não é homem pelado no museu. Ou então, vai lá, cobre o cara e resolve o problema’… O tema do debate é a novela da Globo, toda novela tem um gay e o cara é contra gay.
Então, o cara que é metido a machão, que é contra o gay, contra a mulher dele andar de mini saia na rua, contra o filho dele aprender a lavar a louça… é Bolsonaro. E por aí vai.
Tem o cara que fala ‘bandido bom é bandido morto’, que também é Bolsonaro. Então, vai reunindo um conjunto de aspirações e um repúdio à classe política.
E tem umas incoerências enormes. O Bolsonaro diz que defende a família Cristã, e quantas vezes ele já casou? O Haddad é casado há 30 anos com a mulher dele. Se o Haddad tivesse levado a facada, a mulher dele estaria do lado dele a todo momento. E eu nunca vi a mulher do Bolsonaro no hospital.

E, independentemente de ele ganhar a eleição, considera o Bolsonarismo um fenômeno consolidado no Brasil ou uma onda de momento?

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Sempre teve. O cara do Bolsonaro de hoje é o Malufista de antes. É que o Maluf era mais polido. E antes do Maluf era o Ademar de Barros, antes o Jânio Quadros. O que acontece que eu acho bacana é que ampliou a reação contra.
É verdade que tem o pobre de direita, mas agora tem uma coisa que não existia antes, que é o pobre de esquerda. Antes tinha uma vanguarda de esquerda, o formador de opinião, agora não, o cara lá do botequinho mais distante de Carapicuíba tem todas as informações aqui (no celular).

E quanto a estratégia do PT, de segurar a candidatura até quando pôde e lançar Haddad candidato à presidência?

Não tinha estratégia, era solidariedade. Tudo que o Lula fez pelo Brasil, pelo povo brasileiro… nós tínhamos um compromisso ético e moral.
Você não vai ouvir outros petistas falarem isso, porque é algo absolutamente inusitado… Não tinha uma alma do PT que tinha a menor ideia de que as coisas iam dar nisso. Que o Lula ia bater mais de 30% [das intenções de voto] na cadeia.
Por que o Ciro Gomes falou que, se o Lula fosse preso, ele ia sequestrar o Lula, levar para uma embaixada e soltar o Lula? E por que quando o Lula foi preso ele fugiu, não visitou o Lula em São Bernardo, não apareceu. Porque a lógica era de que quando o Lula fosse encarcerado ele desidratasse. Por que como o eleitor ia declarar voto num preso?
Então, o que nós fizemos? Decidimos: quem tem que tirar ele da disputa é a Justiça, não o PT. Se a gente concordasse em tirar o Lula, estaríamos condenando ele antecipadamente.
E o povo brasileiro é grato. Eles prenderam o Lula, mas não conseguiram prender o povo. A gratidão é a memória do coração. E o povo é grato pelo que o PT e o Lula fez por ele.
Então, não foi uma estratégia genial, uma grande estratégia. É o povo que está sendo solidário ao que foi feito e sabe da injustiça o que está acontecendo com o Lula.
Já o Haddad está crescendo nas pesquisas por dois fatores: o legado do Lula e o povo está gostando dele. O jeito que ele enfrentou a inquisição da Globo (em entrevista ao “Jornal Nacional”) rendeu. Isso tem seduzido as pessoas, que percebem nele um cara sereno e preparado para governar o Brasil. Isso dá uma segurança.

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