O Hospital Regional de Osasco, do governo do estado, têm passado por uma crise neste início de ano, com aumento do número de óbitos, troca de funcionários por terceirizados, e atraso no pagamento de profissionais.
Um dos fatores para a crise, segundo profissionais que atuavam no hospital e sindicato, teria sido a troca da equipe médica, que aconteceu no início de janeiro, quando funcionários terceirizados assumiram o controle das quatro Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
Nos primeiros 45 dias deste ano, 28 pessoas morreram no hospital, o que representa um índice 154% maior do que os 11 óbitos registrados nos dois últimos meses do ano passado.
A organização responsável pela UTI do Regional é o Instituto Lagos Rio, do Rio de Janeiro, que teria sido contratada a regime de urgência pela Secretaria de Estado da Saúde.
Um dos médicos afastados com a mudança de gestão neste início de ano é Carlos Buzo, que atuava no hospital há mais de duas décadas. Ele critica o que classifica como “descaso” do estado para com a situação. “Como uma grande referência, o Regional estava acima da média e a mudança, como ficou claro, não foi para melhorar”, declarou.
De acordo com ele, a troca do quadro de funcionários causou uma queda na qualidade dos serviços profissionais. “A unidade de terapia intensiva é um setor onde se requer excelente qualidade e uma equipe que, além de competente, seja muito experiente e que já trabalhe na área há muito tempo. Você pode incorporar aos funcionários mais jovens, mas não pode trocar uma equipe por inteiro”, explicou.
O profissional da saúde destacou também a urgência em solucionar o problema. “Como médico formado há muitos anos, me preocupo porque o que não pode acontecer é colocar em risco a vida dos pacientes, inclusive aqueles que estão em situações muito graves”, concluiu.
Atraso salarial
Além disso, após a contratação da equipe terceirizada, os novos funcionários têm reclamado da falta de pagamento. Nesta semana, o Sindicato Único dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Osasco e Região (SUEESSOR) e funcionários da UTI do hospital realizaram uma manifestação em frente à unidade de saúde em busca de uma posição da Secretaria de Estado da Saúde e da Lagos Rio pelo atraso em mais de 50 dias no pagamento dos salários e benefícios.
No ato, os funcionários criticaram também e, segundo eles, “precariedade” e “desrespeito com a população”. O sindicato afirma que, das quatro unidades de terapia intensiva do Regional, apenas duas estão funcionando. “Queremos uma resposta da administração, que está terceirizando a saúde, mas com incompetência principalmente no pagamento dos trabalhadores”, afirmou o vice-presidente do SUEESSOR, Juarez Henrique de Paulo.
De acordo com o primeiro-secretário do sindicato, Amilton Moura, nesta quinta-feira (28), às 15h, os funcionários terão uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região para tentar solucionar o atraso dos pagamentos de salários e demais proventos.
Procurada pelo Visão Oeste, a Secretaria de Estado da Saúde não se pronunciou até o fechamento desta matéria.