Início Opinião Bruno Sindona Bruno Sindona: Precisamos resgatar a capacidade de nos indignarmos!

Bruno Sindona: Precisamos resgatar a capacidade de nos indignarmos!

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Bruno Sindona é CEO da Sindona Incorporadora
Bruno Sindona é CEO da Sindona Incorporadora

Creio que um dos maiores dramas que afetam a sociedade moderna seja a desvalorização dos que nos é essencial. Vimos recentemente o assassinato da vereadora Marielle “comover” o país e, da mesma maneira como apareceu, sumiu do foco das discussões.

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Usei as aspas porque houve diversos tipos de comoção; algumas dignas, algumas ridículas e, assim, o que era para ser uma unanimidade virou um novo campo de batalha de extremos. Então se perdeu o valor do que era essencial: alguém foi sumariamente assassinado.

Sofri um assalto há cerca de 3 anos e fui atingido por quatro disparos. Poderia ter morrido. Não morri e, graças a Deus, só conservo algumas cicatrizes das quais me orgulho. Me orgulho porque representaram para mim uma nova chance, um novo jeito de olhar a vida.

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Mas, de fato, poderia ter morrido e na grande maioria das vezes em que conto essa história as pessoas me perguntam “o que você fez?”, “mas você reagiu?” e me vem a vontade de gritar: “NÃO IMPORTA!!! ATIRARAM EM MIM!”.

De quê importa o contexto quando uma pessoa atira na outra para matar? Por que não valorizamos a vida e apenas analisamos o ato principal, que é a violência?

A sociedade busca relativizar o fato para encontrar justificativas para não se indignar. Pois indignar-se significa que você terá de fazer alguma coisa e isso dá trabalho, toma tempo. Então, quase sempre buscamos culpar a vítima, justificar a agressão e seguir nossa vida, imaginando que assim não acontecerá nada conosco já que “não demos motivo”.

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Se a vida humana perdeu o valor, o que tem valor? As amizades? Os empregos? Os amores? A família? Nada tem valor, tudo pode ser relativizado para suavizar a dor e sensação de fragilidade que sentimos em uma sociedade violenta. Em um mundo onde todos se conectam e conhecem automaticamente novas pessoas, paradoxalmente as pessoas perderam valor. E isso é muito triste, requer uma reflexão profunda.

Enquanto escrevi esse texto mais alguém morreu e eu nem sei quem foi. Também não me importa. Mentira! Deveria doer profundamente em cada um de nós o fato de tomarmos consciência disso. Essa consciência e a indignação que a acompanha são a força motriz da mudança.

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