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Editorial: A mídia como partido político

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A volta dos trabalhos do Congresso Nacional não teve quase nenhum efeito sobre o direcionamento das pautas políticas com maior destaque na mídia. Em esforço coordenado com delegados da Polícia Federal e promotores paulistas, segue o linchamento sobre o ex-presidente Lula e sua família. Por mais fartas que sejam as explicações fornecidas pelo Instituto Lula, munidas de documentação, o cerco segue no alto dos portais de notícias e nas manchetes dos jornais.

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O objetivo é claro: enfraquecer ao máximo a imagem de Lula, principal liderança trabalhista do país, nome forte para a disputa presidencial de 2018. Para isso, qualquer denúncia é requentada – como no caso do Triplex do Guarujá – ou ilações se transformam em inquéritos.

O recesso parlamentar fez sumir dos noticiários as denúncias – estas sim, fartamente provadas – contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que desde o fim do ano passado ameaça a presidente Dilma Rousseff com o impeachment em troca de proteção da oposição e da mídia. Sustentado no cargo, Cunha começou o ano como terminou 2015: “manobrando”, expressão que se tornou corriqueira para explicar as afrontas à lei e ao Estado Democrático de Direito perpetradas pelo peemedebista.

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Na esteira da Justiça seletiva repousam outras denúncias e delações. A mais atual, em país democrático seria um escândalo bem maior do que ilações sobre um triplex e trata de desvio de recursos públicos em licitações de merenda escolar. O que esperar da investigação do MP paulista? O mesmo rigor que teve para achar os corruptos do superfaturamento de trens? Como disse o jornalista Paulo Nogueira, “um país que protege Cunha e persegue Lula é um país doente”.