As eleições de 2014 têm sido marcadas por várias peculiaridades. Da tragédia à reviravolta, com direito a incertezas, mudanças de discursos, boataria. Agora, faltando menos de um mês para a votação em primeiro turno, dois aspectos sobressaem: a enorme quantidade de pesquisas eleitorais e a grande variedade de debates transmitidos pela televisão. No final, os dois têm efeitos opostos para o processo democrático.
As pesquisas, por um lado, aguçam o sentido de urgência das campanhas e acirram os discursos no seu pior aspecto: o do embate vazio, carente de propostas, preocupado em identificar e atingir o ponto fraco do adversário. Terreno fértil para os marqueteiros, transformam a propaganda numa espécie de campo de testes para estratégias e investidas que nem sempre traduzem com fidelidade o que pensa o candidato ou seu grupo político.
O debate, por sua vez, materializa uma oportunidade impar de esclarecer o que pensa e o que propõe cada candidato. Expõe seus conceitos sobre temas atuais e polêmicos para a sociedade.
O debate é a oportunidade de esclarecer o que pensa cada candidato
A interação entre esses dois aspectos também é curiosa. O acirramento dos ânimos que a overdose de pesquisas promove, por sua vez, acaba por contribuir positivamente para o debate. Com a sensibilidade aflorada, candidatos e candidatas baixam a guarda erguida pelo marketing e se expõem mais facilmente, no improviso do “ao vivo”.
O mais recente deles, organizado pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e veiculado pela TV Aparecida, vinculada à Igreja Católica, foi um exemplo disso. Por ironia do destino, numa emissora de orientação religiosa, foi talvez o “menos católico” até agora – para brincar com o dito popular. Além de fazer os participantes se posicionarem acerca dos temas mais espinhosos, como descriminalização das drogas, aborto, política econômica etc, também foi produtivo no apontamento das contradições do discurso de cada um.
E viva o debate. Que venha o próximo!
