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Editorial: Cartas marcadas

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Editorial: Governo precisa ouvir os trabalhadores

Nota publicada na coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, em 19 de março, quando da formação da comissão que discute o pedido de impeachment, dizia: “Na noite de quarta-feira (16), líderes partidários se reuniram na residência oficial de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e acertaram, ali, o roteiro do impeachment. Nomearam Jovair Arantes (PTB-GO) relator do processo. Os convivas deixaram o jantar convictos de que o parecer de Arantes recomendará a cassação da petista”.

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Nesta quarta, 4, como o leitor que acompanha a crise política já sabe, o aliado de Cunha leu seu relatório na comissão. A conclusão, obviamente, é de que houve crime de responsabilidade e, por isso, Dilma deve ser apeada do cargo. Chamou atenção o fato, revelado por vários jornais, de que o relatório foi escrito por um advogado de confiança de Eduardo Cunha. Por isso, já apelidou-se o documento de “relatório Jovair-Cunha”.

Os dois fatos descritos acima levam a pensar: qual foi a utilidade das discussões feitas na comissão? Advogados fizeram extensas sustentações orais e deputados munidos de pixulecos trocaram ofensas e empurrões com os contra o impeachment.

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Destaque-se, ainda, o fato de que a defesa feita pelo Advogado-Geral da União em nada poderia mudar o tom do relatório de Jovair Arantes. Sim, pois é do conhecimento até do mundo mineral, como diria Mino Carta, que o documento pró-impeachment já estava pronto quando da elogiada sustentação oral de José Eduardo Cardozo.

O processo é uma aberração comandada por corruptos conhecidos como Eduardo Cunha. Mas o teatro do absurdo precisa continuar para que ao final se diga que o rito foi cumprido. Como diria o ministro Barroso, do STF, “meu deus do céu! Essa é a nossa alternativa de poder?”.

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