Início Brasil UFMG, Fiocruz e USP desenvolvem vacina contra Covid-19 100% nacional

UFMG, Fiocruz e USP desenvolvem vacina contra Covid-19 100% nacional

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Vacina SpiN-tec
Foto: Graziella Rivelli/CT-Vacinas

O imunizante desenvolvido por grupos da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Fiocruz Minas (Fundação Oswaldo Cruz em Minas Gerais) e USP, com o objetivo de estimular a imunidade celular contra o vírus SARS-CoV-2, começou a ser testado em humanos.

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Os testes com a chamada SpiN-Tec, desenvolvida com tecnologia e insumos totalmente nacionais e financiada por instituições brasileiras, começaram na sexta-feira (25).

As pesquisas receberam investimentos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para as etapas de ensaios pré-clínicos e clínicos de fases 1 e 2, além de outras instituições.

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Segundo Sandra Regina Goulart Almeida, reitora da UFMG, o investimento em vacinas contribui para a soberania nacional, uma vez que países que desenvolvem seus próprios imunizantes conseguem, de um lado, proteger sua população e, de outro, exportar as vacinas e os insumos necessários à sua fabricação. “É uma condição que possibilita a esses países influenciarem os rumos da geopolítica internacional de forma decisiva e colaborativa”, argumenta.

Os ensaios clínicos são coordenados pelo professor Helton Santiago, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG e serão realizados na Unidade de Pesquisa Clínica em Vacinas (UPqVac), sob a liderança do professor Jorge Andrade Pinto, da Faculdade de Medicina da UFMG.

Os testes clínicos serão realizados em três fases. As duas primeiras fases ocorrerão em Belo Horizonte: a primeira com 72 voluntários e a segunda com 360. Os testes serão realizados no modelo duplo-cego: parte dos voluntários integra um grupo-controle, que receberá a vacina da AstraZeneca. Durante o estudo, cada participante ficará em acompanhamento por um ano. Após a conclusão das fases 1 e 2, o grupo que desenvolve a SpiN-Tec enviará os relatórios do estudo para a Anvisa e solicitará autorização para a terceira e última etapa dos testes, que reunirá de 4 a 5 mil voluntários de várias partes do Brasil.

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“As vacinas contra a COVID-19 em uso geram respostas de anticorpos neutralizantes. Já a SpiN-Tec foi desenvolvida para induzir resposta dos linfócitos-T, ou seja, ela gera uma resposta contra várias partes da molécula do vírus, e não apenas contra um de seus segmentos, como ocorre com as vacinas atuais”, explica Ricardo Gazzinelli, coordenador do projeto e do CTVacinas da UFMG, também pesquisador da Fiocruz.

Por essa particularidade, os pesquisadores acreditam que a SpiN-Tec seja mais efetiva que as vacinas atualmente disponíveis no Brasil contra variantes do SARS-CoV-2, como a ômicron e subvariantes. O imunizante também tem alta estabilidade, o que possibilita que seja mantido a 4 °C, como outras vacinas, e facilita a distribuição.

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