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Osasco passa a usar plasma convalescente no tratamento precoce de pacientes com covid-19

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O prefeito Rogério Lins esteve na terça-feira (16) no Hospital Antonio Giglio para vistoriar nova Sala de Terapia de Plasma Convalescente / Fotos: Marcelo Deck

O Hospital Municipal Antonio Giglio, em Osasco, agora tem uma Sala de Terapia de Plasma Convalescente, para tratamento de pacientes com covid-19 que estejam na fase inicial dos sintomas, mas não necessariamente internados.

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A biologista Kátia Cristina Donner São Félix, responsável pelo Banco de Sangue do Hospital Municipal, explicou que para ter efeito, o tratamento deve ser iniciado precocemente em pacientes infectados já no início do ciclo da doença, ou seja, até 72 horas do aparecimento de sintomas (tosse, febre, dor de garganta, coriza) para que haja boa eficácia no tratamento e assim ofereça maior oportunidade de recuperação, evitando um agravamento da doença.

O procedimento para a transfusão do plasma convalescente no paciente é simples e dura em torno de 1h30 a 2h. Após esse período, a pessoa recebe alta e é acompanhada pelas equipes da saúde”, explicou a biologista. Ela explica que não são todos que podem receber o plasma. Um médico é quem pode avaliar e saber se a pessoa deve ou não receber o plasma convalescente.

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As doações dos plasmas convalescentes não serão feitas no Hospital Municipal. As bolsas doadas, que têm uma quantidade grande de anticorpos, serão oriundas do Instituto Butantan. O hospital é apenas o recebedor dos plasmas. Na terça-feira (16), o Hospital Antônio Giglio recebeu as primeiras bolsas de plasmas enviadas pelo Instituto Butantan.

Inicialmente, as três unidades da rede municipal que serão atendidas com o tratamento de plasma convalescente são: o próprio Hospital Municipal Antônio Giglio e os prontos-socorros do Ayrosa e Santo Antônio. Os pacientes de ambos os prontos-socorros serão levados por equipes da Saúde até a Sala de Terapia, onde receberão a transfusão e, ao término do processo, retornarão para suas respectivas unidades para acompanhamento médico.

Parceria com o Instituto Butantan

A implantação do tratamento do plasma convalescente para tratar pacientes com covid-19 é uma parceria do Instituto Butantan com a Prefeitura de Osasco. A ideia surgiu em maio deste ano, quando o prefeito Rogério Lins (Podemos), ao buscar novas alternativas para combater a covid-19, esteve no Instituto para saber um pouco mais sobre esse procedimento.

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O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, explicou que o tratamento já tem ajudado outros municípios, como Araquarara e Santos, e hospitais da cidade de São Paulo. “Os grandes hospitais em São Paulo já estão usando o plasma. A gente percebeu que de 30 a 40% dos pacientes que adotaram o procedimento não tiveram evolução do quadro. Mas a pessoa estar no estágio inicial da doença é fundamental”, apontou.

Há diversos estudos sobre o tratamento de covid-19 com plasma, alguns deles realizados no Brasil. Segundo Dimas Covas, a partir dessa base de conhecimento é possível concluir que o plasma não funciona tardiamente, ou seja, deve ser usado precocemente (após no máximo 72 horas do surgimento dos sintomas) e em volumes importantes. “Essas características estão sendo observadas no protocolo que foi validado pela Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia e que está se tornando uma rotina em muitos hospitais”, completa o presidente do Butantan.

O que é o tratamento com plasma convalescente?

O plasma é a parte líquida do sangue, e é nele que estão contidos os anticorpos. O objetivo de um tratamento utilizando plasma convalescente é transferir ao paciente, de maneira passiva, um quantitativo de anticorpos suficiente para combater o vírus.

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Dimas Covas compara o tratamento a uma vacina imediata: ele transfere anticorpos contra o novo coronavírus ao mesmo tempo em que o organismo do paciente responde pela sua imunidade normal.

O plasma convalescente é obtido por meio de doação voluntária de plasma por aferese ou de plasma por meio de doação de sangue total de pessoas que já foram contaminadas pelo novo coronavírus e que, portanto, já possuem anticorpos. Para doar, é fundamental que a pessoa tenha sido contaminada pela Covid-19 pelo menos 30 dias antes do ato da doação. É preciso estar em boas condições de saúde, ter entre 16 e 69 anos, pesar no mínimo 50 kg, evitar alimentação gordurosa antes da doação e apresentar documento original com foto.

Apenas homens podem se voluntariar para doar o plasma convalescente. Isso porque, durante a gestação, a mulher libera anticorpos na corrente sanguínea que podem causar, no paciente que recebe o plasma, uma lesão pulmonar grave associada à transfusão chamada TRALI (transfusion-related acute lung injury).

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O tratamento precoce com plasma convalescente não tem nenhuma relação com o uso de medicamentos sem comprovação científica contra a covid-19, como cloroquina e ivermectina, entre outros.