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Por que Carapicuíba acumula tanto lixo?

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Montanhas de lixo parecem estar longe de sair da paisagem  / Foto: Fotos/Francysco Souza
Montanhas de lixo parecem estar longe de sair da paisagem / Foto: Fotos/Francysco Souza

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William Galvão

Entre os maiores problemas estruturais de Carapicuíba, o lixo se tornou o principal vilão. Não somente nos finais e começos de ano, quando a produção de resíduos triplica, mas também no decorrer dos meses, seja por deficiência da administração municipal ou a falta de conscientização ambiental por parte da população. O Visão Oeste foi às ruas e tentou responder à questão.

Os quase 400 mil habitantes de Carapicuíba são responsáveis pela produção de 300 toneladas de resíduos por dia, o que totaliza 9 mil toneladas ao mês. Nos bairros da Aldeia, Jardim Novo Horizonte e Vila Helena, há uma empresa privada responsável pela limpeza. Já nos 36 bairros restantes, a coleta é feita pelo município, através da Secretaria de Obras, que hoje conta com 11 caminhões de lixo, alguns em péssimo estado. Ou seja, para cada 36 mil habitantes há apenas um caminhão.

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Município, que produz 300 ton/dia, só tem 11 caminhões de lixo

De acordo com o aposentado Mychaylo Partyka, morador da Vila Dirce, na maior parte do ano “a coleta só é feita nas ruas centrais e avenidas. Nas travessas fazem quando há reclamações”. “As lixeiras começaram a criar bicho, a gente levava o lixo de carro lá na avenida [Inocêncio Seráfico]”, reclama a funcionária pública Cristina Seni.
A dona de casa Cassya Menezes, moradora da Vila Lourdes, conta que a rua dos Príncipes virou um depósito de lixo e entulho. “Junta rato, escorpião, e com uma escola perto”, diz. Ela afirma já ter acionado a Prefeitura, sem retorno. Outros pontos críticos de descarte irregular de entulho foram constatados pela reportagem na Vila Municipal, próximo ao Fórum da cidade, no bairro Cidade Ariston e na Vila Menck.

“Cidade não tem onde descartar resíduos”

Prefeitura

O Secretário de Obras de Carapicuíba, Elias Cassundé, diz que “existe a coleta, que já foi normalizada, mas existem os pontos críticos onde as pessoas jogam de tudo, os ‘bota-fora’, que fazem a cidade parecer que não tem coleta”. Segundo ele, esse tipo de lixo não pode ser colocado nos caminhões porque pode danificá-los.
O secretário garante que a pasta tem feito ações de combate ao descarte irregular. Desde maio do ano passado, o Decreto nº 4.260 institui multa de R$ 3,5 mil a quem for pego em flagrante. A fiscalização é feita pela Guarda Civil Municipal, Ouvidoria e pela Secretaria de Meio Ambiente. “O foco são as empresas de dentro e fora da cidade que geralmente jogam esse tipo de material”, explicou o secretário.

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Coleta é deficiente e não passa em todas as áreas
Coleta é deficiente e não passa em todas as áreas

Desde dezembro de 2013, a Secretaria realiza o programa “O Bicho Vai Pegar”, que propõe uma reeducação da população em relação à conservação da limpeza pública. A iniciativa promove palestras em escolas públicas, unidades de saúde, associações e empresas, segundo Cassundé. De acordo com ele, ações como “Carapicuíba de Cara limpa” e “cata treco” são feitas anualmente. “Nós pedimos que a população colabore e não jogue lixo em qualquer lugar, isso dificulta muito a coleta”.

Apesar dos esforços, o secretário confirma que o serviço de coleta municipal tem sido insuficiente para a demanda de lixo produzido na cidade. “A prefeitura tem feito contratações emergenciais de coletores e motoristas específicos desses caminhões, mas é sempre muito rotativo”, diz.
Atualmente, todo o lixo é levado a aterros sanitários das cidades próximas, já que não há um espaço dentro de Carapicuíba capaz de armazenar, triturar e tornar o material reutilizável. Por enquanto, a prefeitura aguarda uma decisão da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) para que esse local seja providenciado.

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