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Sessão solene em Osasco aborda os desafios das religiões de matrizes africanas

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Evento marca a Semana das Religiões de Matrizes Africanas / Foto: Ricardo Migliorini / CMO

A Câmara Municipal de Osasco recebeu, na noite da última quarta-feira (29), uma Sessão Solene em respeito à Lei 4.785/2016, abordando o papel das religiões de matrizes africanas na sociedade brasileira.

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O encontro, organizado pela vereadora Juliana da AtivOZ (PSOL), reuniu representantes da Câmara, Prefeitura, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Apeoesp, além de lideranças religiosas afro-brasileiras, africanas, ameríndias e evangélicas.

Presidida pela vereadora Juliana, a solenidade foi secretariada por Higor Andrade, membro da Mandata AtivOZ. Também compuseram a Mesa Diretora dos trabalhos a secretária-executiva de Políticas da Promoção da Igualdade Racial de Osasco (Sepir), Amanda França; a Mãe Luciana d´Ogum; e Rosângela d´Oxum – lideranças religiosas de matrizes africanas.

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Além de fomentar o debate sobre os principais desafios enfrentados pelos praticantes das religiões de matriz africanas, a Sessão Solene trouxe esperança para essas pessoas, com a divulgação da primeira fase do mapeamento das comunidades tradicionais de matriz africana de Osasco.

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Foto: Ricardo Migliorini / CMO

De acordo com Amanda França, a segunda etapa será retomada no mês de agosto. “A Sepir tem trabalhado com um olhar muito apurado para o fortalecimento das casas de axé. Queremos valorizar, fortalecer e dar aberturas. É um trabalho de sensibilização”, explicou.

Segundo Elisa Vidal, da Sepir, a primeira etapa mapeou 50 casas de axé. Ela define as comunidades tradicionais de terreiros como espaços legítimos de “resistência, identidade, pertença e fortalecimento” da cultura ancestral negra.

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Elisa acredita que o trabalho de mapeamento é parte de um processo de construção coletiva de políticas públicas para o setor, a partir da perspectiva de quem está no chão do terreiro.

Somando-se a essas ações, Amanda França reforçou também a importância da criação de um fórum interreligioso municipal, dentro das políticas públicas propostas. “Vai ser um instrumento importantíssimo de diálogo”, acrescentou.

Preconceito religioso

A solenidade foi espaço de partilha sobre o preconceito religioso. A vereadora Juliana da AtivOZ falou sobre a alegria de reunir tantas pessoas para falar do amor – proposta das religiões de matrizes africanas e demais credos.

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“Hoje eu só vi amor aqui, não vi desesperança em momento algum. O estado laico quer dizer que você pode professar a sua fé, mas isso não pode influenciar as decisões políticas”, justificou.

Representando a cidade de Itapevi, Ana Laura de Iemanjá falou sobre a opressão sofrida pelo povo negro, desde os tempos da escravidão. “Quando veio a Lei Áurea, não deram terra, não deram comida. A gente teve que ocupar os espaços por força nossa”, contextualizou.

O onixangô Douglas, sacerdote do culto oiurubá e membro do candomblé, defendeu a ocupação de espaços públicos como instrumento de afirmação do papel do negro na sociedade. “Enquanto ninguém entender que o candomblé existe porque éramos negros dentro da senzala, não vou sossegar”.

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Evangélica e membro do coletivo Juntas por Barueri, Rose Soares lamentou que a Bíblia venha sendo deturpada no ambiente político e defendeu a união entre os povos e religiões. “No que depender de vocês, façam todo possível para viver em paz com todas as pessoas”.

Membro da Mandata AtivOZ, Higor Andrade evidenciou a discrepância entre a escalada do preconceito na política e a laicidade do estado, que deveria garantir a liberdade de culto no país. “Deus acima de todos não, porque o estado é laico”, defendeu.

A Lei 4.785/2016 institui, no Calendário Oficial de Osasco, a Semana das Religiões de Matrizes Africanas, a ser comemorada anualmente, entre os dias 4 e 10 de julho. A legislação foi criada pela então vereadora Maria José Favarão.

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