Início Destaque “A direita ataca como sempre, com muita mentira”, diz Emidio

“A direita ataca como sempre, com muita mentira”, diz Emidio

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Presidente estadual do Partido dos Trabalhadores, o ex-prefeito de Osasco, Emidio de Souza, será coordenador da campanha do ex-ministro Alexandre Padilha ao governo do Estado.

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"São Paulo cansou do PSDB, que é incapaz de formular políticas novas", avalia ex-prefeito de Osasco / Foto: Eduardo Metroviche
“São Paulo cansou do PSDB, que é incapaz de formular políticas novas”, avalia ex-prefeito de Osasco / Foto: Eduardo Metroviche

 

Atendendo a um convite do jornal, visitou a redação do Visão Oeste nesta quinta, 8 de maio, para uma entrevista em que falou sobre as perspectivas do partido, avaliou o cenário político e garantiu que o PT está preparado para discutir projetos para o país e o estado em 2014.

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“O que vemos do outro lado são os saudosistas de sempre, aqueles que acham que o Brasil era melhor 20 anos atrás”, disse. Também elogiou o desempenho do sucessor, o prefeito Jorge Lapas, “que tem se revelado um prefeito hábil”.

Quais são os principais desafios de presidir o PT no estado de São Paulo nesse momento conturbado da política nacional?

Gosto muito da tarefa que estou fazendo e de andar o estado inteiro, mas tenho muita saudade de Osasco, onde eu moro e tenho raízes, cidade que sempre me projetou.

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Fico muito contente em perceber o quanto Osasco virou referência para o país e o estado em termos de administração pública. A imagem de Osasco é outra hoje e isso me alegra muito. Minha tarefa atualmente é conturbada e a vida política brasileira tem sido conturbada.

Assumi o PT no início de um ano eleitoral onde a direita no país está muito assanhada. Onde a direita, somada com os grandes meios de comunicação, está fazendo um esforço enorme para interromper o projeto iniciado pelo presidente Lula e continuado pela Dilma.

Nós achamos que o caminho para o Brasil é esse, com os ajustes que precisam ser feitos, mas o caminho das reformas, da inclusão social, do desenvolvimento com distribuição de renda é o caminho que abrimos em 2003 e tem levado o Brasil a resultados excepcionais.

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Temos a impressão que neste ano os ataques ao governo estão mais agressivos. É fato isso?

É uma campanha muito agressiva, tanto no plano nacional como aqui em SP, e nas redes sociais. O que se vê nos jornais não é o Brasil que se vê nas ruas.

O Brasil que se vê nas ruas é Brasil que gerou mais de 20 milhões de empregos na última década; dobrou o número de estudantes em universidades; expandiu o ensino técnico; dinamizou a economia; abraçou causas como a dos negros e das mulheres.

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O Brasil nunca experimentou um período como esse. O que vemos do outro lado são os saudosistas de sempre, aqueles que acham que o Brasil era melhor 20 anos atrás.

A direita encontrou uma linha de discurso?

A direita ataca como sempre, com muita mentira. Plantando o medo, com complexo de vira-lata que é outra coisa que está de volta ao Brasil, na boca do principal candidato da oposição, que vai aos investidores internacionais dizer que o Brasil não é um país confiável; dizer que nossa principal petrolífera está quebrada.

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Ele vai levar um Brasil que não existe mais. Eles estão naquela base do “quanto pior, melhor”. Esse ranço traz um risco para o país; não à democracia, mas ao caminho que o Brasil está seguindo.

Nós podemos ter um retrocesso enorme. Se tem erros, devem ser corrigidos; tem coisas para serem sanadas. Mas o caminho do Brasil, em qualquer área, salta aos olhos. Por exemplo, o valor de mercado da Petrobras hoje é quase cinco vezes maior do que era no tempo que eles governavam o país.

As exportações brasileiras quintuplicaram em 10 anos. Geramos emprego como nunca, o salário mínimo atingiu o maior pico da sua história. Então, na falta de um discurso consistente, a oposição se apega ao ataque preconceituoso. O fato da Dilma ser a primeira mulher a governar o país pesa, eles querem trabalhar com esse preconceito.

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O caso da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras acabou influenciando na aprovação da presidente Dilma…

A mídia vendeu a história da oposição como se fosse a coisa mais horrenda do mundo. Deixou de lado uma empresa que descobriu o pré-sal, investiu em tecnologia, se modernizou, se capitalizou e estão querendo pegar um episódio dessa empresa para tentar dizer que ela é um desastre.

Não é um desastre, a Petrobras é uma história de sucesso. É um negócio pequeno em relação ao tamanho da Petrobras. E mesmo assim tem que ser apurado. O nosso governo apura irregularidades e pune.

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Agora, o que os tucanos fazem em São Paulo? Desvia-se milhões do Metrô e da CPTM e os paulistas só souberam porque houve uma investigação internacional. Lá já tem identificadas contas no exterior, já tem quem foi beneficiado, tem secretários beneficiados diretamente.

Eles são muito a favor de investigar as coisas em Brasília. Aqui não querem investigação nenhuma.

Apesar disso, até agora nenhum grande nome da política foi implicado na investigação. Como o PT vai trabalhar isso?

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Campanha não é para acusar ninguém. A campanha do [Alexandre] Padilha é para apresentar soluções para São Paulo. Independente disso, eles vão ter que explicar. Não se pode ser tolerante, leniente ou conivente com a corrupção como o atual governador tem sido.

A criação de uma CPI da Petrobras dissociada de uma CPI da Alstom e do Metrô foi uma derrota para o PT?

Não vejo como uma derrota porque não temos medo de investigar. O que estão querendo é desmoralizar a Petrobras com uma velha ideia de privatizá-la.

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Acho que a investigação não é uma coisa ruim. Ontem a base do governo também juntou assinaturas para criar também a CPI do Metrô. Passemos o Brasil a limpo integralmente.

O 1º de Maio teve o pronunciamento da presidente Dilma e ato da Força Sindical em oposição ao governo. Qual foi o saldo do Dia do Trabalhador?

A presidenta falou ao país exatamente no sentido de que o Brasil não pode correr o risco de retrocesso. Qual o discurso que o Aécio vem fazendo para o Brasil?

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Ele já anuncia que será o porta-voz de medidas impopulares. É desatrelar o crescimento do salário mínimo do PIB. Eles foram contra o Bolsa Família, depois adotaram.

Quando se criou o “Minha Casa, Minha Vida”, também; o Prouni, a mesma coisa. O que se espera do PSDB? Uma política neoliberal que venha derrubar conquistas dos últimos anos.

O 1º de Maio serviu para sinalizar o seguinte: nós do PT e nossos aliados vamos pra cima pra defender aquilo que temos feito no país.

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Temos visto a dificuldade da presidente Dilma com os partidos aliados. Essa política de alianças está esgotada? Um eventual novo governo de Dilma terá que repensá-la?

A política de alianças que temos hoje é a aliança possível, feita no modelo político que temos hoje. Por isso, defendemos uma reforma política no país, com o fim do financiamento privado de campanhas, o fim das alianças proporcionais.

Isso é fundamental porque vai produzir um Congresso melhor. Enquanto isso não acontece a presidenta, e se tivesse outro também, tem que conviver com esse Congresso eleito com essas regras que temos hoje. No modelo de hoje não tem outra coisa a fazer.

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O ex-presidente Lula tem falado que os grandes grupos de mídia são a maior oposição no país.  O PT não poderia ter feito diferente, no sentido de estimular mídias alternativas?

Essa é uma autocrítica que o PT vai ter que fazer e o próximo governo terá que avançar para a democratização da mídia. O Brasil está atrasado nessa questão. A mídia no Brasil é evidentemente partidarizada. Isso não é bom para a democracia.

Esse debate está sendo chamado de tentativa de censura. Como o PT vai se defender da distorção desse debate?

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No mundo moderno ninguém tem poder absoluto. Os privados não têm poder absoluto dos meios de comunicação. Não pode um meio privado falar pra um país inteiro o que quiser, criar a história que quiser.

A Inglaterra acabou de fazer uma lei de meios nesse sentido. A distribuição de recursos publicitários tem que seguir esse critério. Como ficam os jornais regionais, as rádios do interior, as mídias sociais.

O presidente Lula começou isso, de alterar a distribuição de verbas publicitárias. Quando se tem um país democrático, as regras democráticas têm que passar por todas as áreas.

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Temos falado muito na polarização PT-PSDB. Como entra a candidatura do Eduardo Campos e Marina Silva nesse contexto?

O projeto que o PT firmou é tão amplo que dele foram de desgarrando algumas pessoas. A Heloísa Helena tinha se desgarrado em 2005. A Marina Silva foi candidata em 2010, agora o Eduardo Campos. Enxergamos isso como movimentos naturais.

O Eduardo fala assim: “eu gosto do Lula, mas não gosto da Dilma”. O Aécio fala: “não gosto do Lula nem da Dilma”. Nós vamos dizer que nós gostamos dos dois.

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O Campos fala em desenvolver o agronegócio com uma mulher ao lado que vive falando em combater o agronegócio.  O Aécio fala em aumentar o Bolsa-Família quando sempre combateu o programa. O povo brasileiro vai saber separar o joio do trigo.

Como avalia o cenário em São Paulo para a candidatura do Alexandre Padilha?

Acho que São Paulo cansou do PSDB, que é incapaz de formular políticas novas. Vamos assistir mais quatro anos com o PCC comandando o crime organizado? Vamos assistir de novo o crescimento de roubos e furtos? Vamos ver crises como essa da água se repetir por quantas vezes?

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Seca é um fenômeno, tem regiões do mundo muito mais secas, onde não falta água na torneira. Isso exige obras. Em 2004 a ANA [Agência Nacional das Águas] renovou a concessão do Sistema Cantareira e naquela época a Sabesp se comprometeu a fazer obras de expansão da rede de captação de água.

Mas não fizeram nada do que estava previsto. O PSDB é um partido lento no governo. Agora, quando a crise bate na porta ele começa a anunciar obras. Cadê a capacidade de planejamento?

A segurança, água e mobilidade urbana vão ser temas centrais da campanha?

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Sim, porque é isso que realmente interessa ao cidadão. Não podemos considerar normal o estado ostentar os índices de violência que ostenta. São Paulo não tem que ser comparado com os estados mais pobres do Brasil, mas com as regiões mais ricas do mundo.

A pré-candidatura do Padilha tem sido muito atrelada às denúncias que surgem em Brasília. Como o PT vai tentar levar o debate para as questões do estado?

O governo do estado, como tem dificuldade de explicar o que deixou de fazer nos últimos 20 anos, toda vez que aparece alguém propondo um novo caminho eles tratam de desqualificar aquela pessoa.

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O que existe de concreto na denúncia contra o Padilha é rigorosamente nada. O que eles não querem é discutir a falta d’água; o porquê o trabalhador demora 3 horas para chegar ao trabalho; por que tanta gente está morrendo vítima da violência?

As coisas que dizem respeito à vida do cidadão não querem debater. Mas isso nós vamos fazer.

Um eventual governo do Padilha terá olhar especial para a região de Osasco?
O que me deixa mais tranquilo na missão que estou fazendo é ter deixado Osasco nas mãos do prefeito Lapas, que tem se revelado um prefeito hábil. Dialogo com ele permanentemente e tenho ficado muito satisfeito com os resultados obtidos aqui.

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O diálogo com a cidade, capacidade de gerenciamento, a integração com as demais cidades… Vamos lembrar que nós tentamos a questão do consórcio regional durante muito tempo e ele soube conduzir isso. Espero que, se conquistarmos o governo do estado, a gente possa ajudar muito essa região.