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A tolerância e a boçalização da religiosidade

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“Não que eu seja preconceituoso, mas…” ou “Eu respeito quem pensa assim, porém acho…”. Quase sempre, frases desse tipo são usadas como desculpa para uma assertiva de fato preconceituosa e intolerante. Mas elas brotam naturalmente da boca do interlocutor, quase como uma confissão de culpa por se saber intolerante e equivocado. Mas por que, ainda assim, essas frases continuam sendo pronunciadas?

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Reações absurdas transformaram comercial em peça épica em defesa da bandeira LGBT

Embora seja multifacetada, a resposta não é tão complexa. Mas não deixa de ser assustador que em pleno século XXI ainda seja uma realidade. A pretensa “licença poética” para a intolerância se baseia na incapacidade das pessoas de se colocarem na figura do próximo. E muito embora a sociedade avance tecnologica e estruturalmente, em termos socioculturais, esse avanço não tem o mesmo compasso.
Outro fator aprofunda esse abismo. É justamente a contribuição de um grupo de vertentes religiosas e suas lideranças, todas forjadas a partir de janelas oportunísticas cujo objetivo é meramente a monetização da fé.
Não há ideologia nem filosofia nestas vertentes. Não há intelectualidade, tampouco real interesse em qualquer texto milenar, seja a Bíblia, o Alcorão ou a Torá por exemplo. Escritos que, ainda que em seus contextos históricos tenham proposto visões à análise de hoje um tanto discriminatórias, quase sempre resguardaram a possibilidade da interpretação altruísta e tolerante.
O resultado é a boçalização da religiosidade, cujo propósito se torna apenas justificar a monetização. E redunda em reações absurdas como a que transformou um comercial bonito e bem executado, mas sem nada de revolucionário, numa peça épica em defesa da bandeira LGBT.
Talvez sejam necessários mais alguns milhares de anos para os textos religiosos de abnegação, altruísmo, tolerância e amor ao próximo serem verdadeiramente compreendidos.

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