Início Destaque Comissão da Verdade ouve ex-prefeito de Osasco

Comissão da Verdade ouve ex-prefeito de Osasco

0

Francisco Rossi em depoimento na Câmara Municipal; de perseguido a integrante da Arena / Foto: Pedro Godoy
Francisco Rossi em depoimento na Câmara Municipal; de perseguido a integrante da Arena / Foto: Pedro Godoy

publicidade

A Comissão Municipal da Verdade de Osasco ouviu na quarta-feira, 5, o depoimento do ex-prefeito de Osasco Francisco Rossi (1973-1977 e 1989-1993), que era presidente da União dos Estudantes de Osasco (UEO) na época do golpe militar de 1964 e mais tarde foi deputado federal e prefeito de Osasco, ainda durante o regime militar.
Rossi falou sobre o momento em que se discutia a Lei da Anistia no Congresso Nacional. “Fui eleito deputado federal em 1978 e surgiu no Congresso o movimento da anistia ampla, geral e irrestrita. Resolvi entrar nesse movimento. Na época coloquei à disposição meu apartamento, visitei presos políticos”, revelou. Rossi era deputado pela Arena, partido de sustentação ao regime militar. “Meu apartamento ficou à disposição do movimento que defendia os presos políticos que estavam aguardando para voltar ao país”.

O ex-prefeito defendeu que a Lei da Anistia seja revista em certos casos comprovados de violação aos direitos humanos. “Alguns casos são tão chocantes que, em alguns casos específicos, vale a pena se rever [a lei da anistia], sem generalizar”, disse. A Lei da Anistia é o que impede a responsabilização, na Justiça, de agentes da ditadura que cometeram crimes como a tortura.

Os membros da Comissão da Verdade questionaram Rossi sobre sua visão acerca do cenário que culminou com o golpe militar em 1964. O ex-prefeito defendeu que a tomada de poder pelos militares era necessária no momento, mas critica o regime que se instalou. “Qualquer ganho que o governo militar tenha dado para o país no aspecto econômico, financeiro e administrativo, tudo isso se perde quando você põe numa balança e vê que houve mortes, perseguições”, disse. Ele também criticou as recentes manifestações que pedem uma “intervenção militar”. “Não estamos mais vivendo numa república de bananas. Temos que estar preocupados com a defesa da democracia. Confesso aqui que fico preocupado”, revelou.
Rossi também lembrou o fechamento da União dos Estudantes de Osasco (UEO) pelos militares e o episódio ocorrido no Centro da cidade, quando centenas de policiais impediram que os estudantes ocupassem o local destinado à UEO.

publicidade

A comissão
Na segunda-feira, 10, o assunto na Comissão volta a ser a greve da Cobrasma em 1968. Será ouvido Luiz Eulálio Vidigal, um dos herdeiros da empresa. Vidigal irá abordar a greve e o relacionamento com os trabalhadores. Tais questões também foram assunto do depoimento concedido na segunda-feira, 3, por Roberto Luiz Pinto Silva e Esterlino Pereira de Souza, responsáveis pelos departamentos de pessoal da Cobrasma.

publicidade

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Artigo anteriorVisão Atenta
Próximo artigoFrases